Prevenção constante

Desde 2017, mediante aprovação da Lei nº 13.504, o Brasil executa anualmente uma campanha cujo objetivo é conscientizar a população acerca do combate ao vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) e à Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Trata-se do Dezembro Vermelho. Diante de uma temática ainda bastante obscurecida no contexto social, permeada por série de dúvidas e preconceitos, a iniciativa surge como importante instrumento de sensibilização para consigo e com o outro. 

Neste ano, o tema a ser trabalhado é “Aids, escolha sua forma de prevenção”, focando sobretudo na assistência e proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV. Além de tecer detalhes sobre a necessidade do uso de preservativo nas relações sexuais, outros métodos de prevenção serão difundidos durante a campanha, a exemplo da Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP). A medicação pode ser tomada até 72h depois da exposição a uma situação de risco. 

Sob outro espectro, a Prevenção Combinada incentiva o uso de medicamentos que diminuem a carga viral, reduzindo as chances de uma pessoa soropositiva transmitir o vírus para outra durante a relação sexual. Dado o alto potencial de propagação em situações favoráveis ao contágio, o vírus não faz escolhas e pode atingir qualquer um, sendo essencial elencar formas de cuidados. Não à toa, a grande emergência de divulgação, compreensão e cumprimento das ações preventivas. 

De acordo com dados divulgados neste mês pelo Ministério da Saúde, o País tem 920 mil pessoas com o vírus da Aids. Uma estatística que preocupa e deve motivar os órgãos competentes a projetar iniciativas para além dos hospitais e postos de saúde. É preciso falar abertamente sobre o assunto, sem rodeios ou temores, nas escolas, rodas de conversa e eventos públicos. De forma didática e participativa, abranger não apenas jovens, mas também indivíduos com idade mais avançada, em um circuito de prevenção constante e total. 

Em tempos de pandemia de Covid-19, as atividades referentes à campanha serão limitadas ao espaço virtual, o que não diminui a relevância das ações. Pelo contrário, otimiza um alcance ainda maior de pessoas. Além disso, este nebuloso período convoca à reflexão sobre os impactos da crise sanitária nas pessoas que convivem com HIV/Aids. O momento abalou a estrutura de cuidado que sustenta a resposta ao vírus, a exemplo das testagens e continuidade dos tratamentos. 

Um levantamento preliminar sobre os efeitos da pandemia nos serviços especializados de HIV/Aids e Tuberculose foi realizado pela Articulação Social Brasileira para o Enfrentamento da Tuberculose (ART TB Brasil), em conjunto com outros órgãos. Os resultados apontam que 30% dos profissionais de saúde relatam redução na oferta de testagem nos serviços de referência, ao passo que 32% dos gestores e trabalhadores da área alertam para a redução de testagem nas Unidades de Saúde. 

O Dezembro Vermelho, assim, é efeméride que convoca a um maior vigor para empreender trabalhos que alterem o atual panorama. A vida, enfim, pede passagem a todos e cada um pode fazer a parte que lhe cabe no enfrentamento à essa síndrome. 


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