Editorial: O desafio da Educação

O caminho para a retomada ainda tem, diante de si, etapas importantes e complexas de serem cruzadas. Uma delas é o próprio retorno presencial de professores e estudantes às salas de aula. Sabe-se que este, necessariamente, terá que seguir etapas, até que progressivamente se possa alcançar o número mais amplo possível de alunos e profissionais, sem que isso motive um aumento de casos da Covid-19.

Garantir a saúde de profissionais, estudantes e, por extensão, de suas famílias não é algo opcional. Trata-se de um imperativo para que qualquer atividade volte a ser realizada, e não há dúvidas que o caso da educação é particularmente complexo. A quantidade de pessoas que envolve e de recursos exigidos requer ações bem planejadas e precisas para sua melhor performance, pedagógica e sanitária.

Em meados do mês, o Governo do Estado atualizou o decreto que estabelece as regras de retomada de atividades laborais e sociais no Ceará, incluindo a liberação para que algumas séries escolares retornassem a partir de amanhã. Em conformidade com o decreto, podem ser retomadas, nas redes pública e privada, aulas com até 35% da capacidade no 3º ano do Ensino Médio e educação profissionalizante; nas turmas de 1º, 2º e 9º anos do ensino fundamental; Educação de Jovens e Adultos (EJA); e até 50% da educação infantil.

Apesar da prerrogativa, as secretarias da Saúde e da Educação anunciaram que não serão retomadas, ainda, as aulas presenciais no Ensino Médio, incluindo a educação profissional, nas unidades estaduais. O Governo garante dispor de equipamentos de proteção individual (EPIs) em quantidade suficiente para atender à demanda dos 184 municípios, contudo entende que é necessário mais tempo para que se possa conhecer e dominar todos os aspectos da questão. Os indicativos não são planificados e, de alguns municípios, precisa-se de mais dados consolidados.

A situação das escolas municipais é diferente, mas em alguns casos o retorno presencial não é considerado para antes do fim do ano. A se considerar o quadro apresentado pela Associação dos Municípios do Ceará (Aprece), que realizou uma sondagem no início do mês de setembro, antes portanto de o decreto estadual ser atualizado, 125 cidades já consideram retomar as aulas presenciais somente em 2021. Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), oito municípios, de forma conjunta, já definiram sua decisão quanto ao retorno, a ser feito apenas no próximo ano.

O tema requer atenção redobrada, da sociedade como um todo e dos gestores públicos, em especial. A educação é uma preocupação central do cidadão e, como se sabe, o papel social da escola é muito mais amplo, inclusive, do que se pode compreender, olhando apenas pelo ponto de vista pedagógico. Está relacionado, por exemplo, diretamente ao mundo do trabalho, e não é novidade que parte da preocupação quanto ao retorno presencial se deve aos pais, por conta de suas obrigações laborais.

É imperativo que os planos sejam bem arquitetados e as ações executadas com precisão. Diante das descontinuidades pedagógicas forçadas pela pandemia e do efeito dessa sobre a tendência à evasão escolar, é preciso segurança e perícia na tomada de decisões para o setor.


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