No Brasil os povos originários, população negra, mulheres, crianças, jovens e famílias vulnerabilizadas pela pobreza e fome tem seu cotidiano marcado por violências que comprometem sua condição humana.
Em tempo de incertezas, de retrocessos de direitos já conquistados assiste-se violações sistemáticas como o racismo naturalizado, negros/as sendo a maioria dos mortos com arma de fogo, despontam entre os desempregados; a violência contra as mulheres nos espaços de convívio social através de ações machistas e misóginas, violência de gênero não só na esfera doméstica, mas no âmbito das relações de trabalho sob forma do assédio moral e sexual e pouca representatividade política da maioria da população.
Desigualdade e democracia guardam relação direta, posto que a participação e a representação política conformam estratégia efetivas de redução das desigualdades. As desigualdades socio raciais resultam do entrecruzamento dos eixos estruturantes da formação social brasileira: gênero, classe social e raça e impõem obstáculos para a mobilidade das mulheres, e grupos racializados de forma subalterna, diminuindo as oportunidades de desenvolvimento social e econômico.
Com o crescimento do autoritarismo presentifica-se uma conjuntura marcada por adversidades com a disseminação do discurso de ódio em nome da “liberdade de expressão”, a não valorização dos espaços de participação e deliberação públicas comprometendo o exercício da cidadania de amplos segmentos populacionais historicamente discriminados.
O conjunto dessas fragilidades colocam desafios para todos aqueles que defendem os direitos humanos e uma ambiência democrática. Por isso interessa discutir criticamente e propor ações que levem em conta que as desigualdades e opressões resultam do entrecruzamento do patriarcado e da supremacia branca como sistemas articulados e nunca separados.
Mesmo que nas últimas décadas o mundo tenha avanços surpreendentes nas comunicações e tecnologia da informação isso não representou mais democracia. Prevaleceu em muitos países sérias debilidades institucionais e fraca confiança pública posto que empoderou os indivíduos e não as forças coletivas voltadas para superação das desigualdades.
Apostar no empoderamento coletivo é um grande desafio. Coloca a necessidade de agenciamentos e insurgências com inovação e organização para movimentos sociais, organizações populares, conselhos de políticas públicas e outros a se movimentarem, qualificarem suas intervenções políticas nos espaços institucionais e comunitários na defesa dos direitos humanos e da democracia.
Forjando crenças e ações coletivas para o estabelecimento de instituições representativas efetivas com credibilidade que possam responder as exigências e necessidades dos cidadãos. Mudanças como essas contribuíram para um Brasil mais republicano, democrático e justo.
“Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor”.
Zelma Madeira é professora da Uece e Assessora Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Estado Ceará.
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