Raimundo do Queijo e o folclore político cearense
Nada melhor que uma festa de ressurreição. Em certos dias de ressaca kafkiana, todos nós, ligados pelo afeto da boemia, merecemos uma celebração desse naipe.
O falso comunicado de morte, uma tendência em tempos de fake news de redes sociais, merece uma resposta mais enérgica ainda. Uma resposta com o humor e a arte da fuleragem tipicamente cearense.
No ato simbólico de ressurreição de Raimundo do Queijo, marcado para o próximo domingo (05/10), no famoso estabelecimento no Centro de Fortaleza, só não vai quem já morreu, tal e qual a fuzarca do trio elétrico baiano.
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A iniciativa é do deputado estadual De Assis Diniz (PT), ainda consternado com o falso anúncio da morte do comerciante — a gafe foi cometida terça-feira (30/09) pelo vereador Aguiar Toba (PRD) na Câmara Municipal. Em um momento infeliz, Toba chegou a pedir até um minuto de silêncio em homenagem ao falecido.
A irônica festa de ressurreição de Raimundo entrará, sem dúvida, para o folclore político cearense. Com queijo da melhor qualidade, óbvio, e cerveja trincando de gelada. O importante é celebrar esse patrimônio cultural e turístico de Fortaleza.
Como o ambiente está sempre florido de artistas cearenses e estrangeiros, não faltará quem puxe o coro com a música de Belchior, um hino perfeito para a nobre ocasião:
“Presentemente, eu posso me/ Considerar um sujeito de sorte/ Porque apesar de muito moço/ Me sinto são, e salvo, e forte/ E tenho comigo pensado/ Deus é brasileiro e anda do meu lado/ E assim já não posso sofrer/ No ano passado. // Tenho sangrado demais/ Tenho chorado pra cachorro/ Ano passado eu morri/ Mas esse ano eu não morro”.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.