Me recuso, sempre, a comparar futebol com xadrez.
O primeiro é ativo e rápido, o segundo é lento e pensado.
Mas, em jogos como esse Fortaleza e Flamengo, foi nítida a lentidão, para cada ação dentro de campo.
Jogadores parecem enxadristas, tensos e pacientes, a cada mexida no tabuleiro.
No xadrez, notável o fato de um contendor beber na admiração do adversário e respeitá-lo.
O Fortaleza respeitou o Flamengo, dobrou marcação, quando era atacado, e buscou essa dobra quando atacava.
Só que o Flamengo apresentou um movimento de jogo parecido, não hesitando em matar as jogadas, com faltas na perda da bola.
No final das contas, o tédio acabou prevalecendo e bola no alvo, mesmo, duas do Flamengo. Na inacreditável cobrança de pênalti, quando Pedro deu dois toques na cobrança, e no segundo tempo, quando Felipe Alves interveio numa conclusão do atacante rubro-negro.
Sob o comando de Rogério Ceni, o Fortaleza jogou muitas vezes da mesma forma, fechando os espaços entre suas linhas.
Mérito do tricolor residiu na marcação, empenho e preocupação em, aqui e ali, incomodar o Flamengo.
Não é fácil modular uma máquina com Arão, Éverton Ribeiro, Arrascaeta e Gérson
As alterações, de lado a lado, não cheiraram e nem provocaram mal cheiro, e o pontinho conseguido pelo Fortaleza foi um ótimo negócio.
O jogo, afinal, foi dos técnicos.
Os senhores sabem: os técnicos dizem “vamos trabalhar”. Os treinadores dizem “vamos jogar”.
É diferente.