Duas semanas após a prisão do vereador de Fortaleza - agora licenciado - Ronivaldo Maia, por tentativa de feminicídio, ainda predomina na Câmara Municipal da Capital o silêncio. De palavras e de ações. Sem nenhum pedido formal de acionamento do Conselho de Ética da Casa, não há ainda desdobramentos do caso no âmbito político.
Quando o parlamentar foi detido em flagrante, em 29 de novembro, o silêncio pôde ser interpretado como cautela. Sem entrarem no mérito do episódio envolvendo o colega, vários parlamentares foram a público repudiar a violência contra a mulher, reafirmar atuação política em defesa de direitos. Poucos trataram diretamente da ação de Ronivaldo. Quase nenhum quis dar nome ao que aconteceu.
Aguardar a Justiça é mesmo necessário. Defesa é direito de todos. Não há culpado - ou inocente - até o fim de um processo judicial.
Não é coerente, contudo, fazer o caso desaparecer no tempo. O Conselho de Ética, se acionado, o seria para apurar a conduta do vereador. Não necessariamente para condená-lo. O Legislativo Municipal arregaçaria as mangas, mostraria providências à sociedade, iria além do discurso para mostrar que a preocupação com o problema social se converte em ação.
Enfrentamento amplo
Em tempos marcados por denúncias tão graves, com casos recorrentes de violência contra a mulher protagonizados por famosos - basta lembrar DJ Ivis e Ávine Vinny - e anônimos, a política falaria em alto e bom som: não é tolerável; é crime. Daria exemplo.
Nos últimos dias de 2021, a tendência é de que os esforços do Legislativo estejam concentrados em limpar a pauta de votações antes do recesso parlamentar. É como normalmente funciona, mas, desta vez, outra questão também pede prioridade.
Como mal social, a violência contra a mulher precisa ser enfrentada de modo estrutural. Entre ações de cantores, políticos ou "cidadãos comuns", nem tudo é tão distante assim.
Com informações do repórter Felipe Azevedo