Não é pouca coisa: 46 vagas na Assembleia Legislativa, outras 22 na Câmara dos Deputados. Em quem você votou para ocupá-las em 2018? Se a memória não trouxer os nomes à mente, você não está sozinho, mas a resposta traz uma reflexão obrigatória para todos nós.
Divulgada pelo Sistema Verdes Mares na quarta-feira (16), uma pesquisa realizada pelo Instituto Opnus mostra que 58% dos cearenses não lembram quais candidatos escolheram para o Poder Legislativo nas últimas eleições gerais – o número leva em consideração também o voto para o Senado, embora esta seja uma disputa majoritária.
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Na contramão, é majoritária a quantidade de entrevistados que recordam os nomes levados às urnas para presidente (56%) e governador (58%) no primeiro turno daquele ano. Diante de mais um ano eleitoral, são dados que reforçam a necessidade de reafirmar a importância do voto para além das escolhas para o Poder Executivo.
As campanhas majoritárias, para presidente e governador, são, naturalmente, as que mais têm visibilidade. Com planos de governo apresentados – ao menos em teoria –, debates realizados e mais tempo de propaganda eleitoral, é a disputa que envolve mais dinheiro, ganha mais alcance e mobiliza o eleitor.
Fica evidente, ali, que o momento é de se discutir projetos para o estado, para o País, avaliar prioridades e colocar em avaliação o que se pode – e quer – executar.
O pleito proporcional, que define os ocupantes das cadeiras dos parlamentos, acontece ao mesmo tempo, mas tem suas diferenças. Em geral, o que é essencial para a vitória de um candidato a deputado estadual ou federal, por exemplo, é a consolidação de uma base eleitoral. Há as territoriais, que justificam esforços destinados a territórios específicos; as ideológicas, mantidas em nichos que votam massivamente em certos nomes e garantem a eleição deles; aquelas ligadas a setores econômicos e uma variedade de outros tipos.
A partir disso, a composição das casas legislativas é determinante, inclusive, para que determinados projetos do presidente ou do governador sejam colocados em prática. A tão falada governabilidade.
Ela também indica, a partir das bancadas “temáticas” com representatividade, os temas que terão mais ou menos espaço ali. Um Congresso de perfil mais conservador, como o atual, garante a aprovação de determinadas pautas e o congelamento de outras, por exemplo.
Alinhado ao perfil, o Governo tem, em muitos momentos, tido isso como fator positivo. Quando a relação é diferente, ou mesmo nas crises entre poderes já vistas ao longo da atual legislatura, o saldo quanto a certos assuntos é outro.
Portanto, nas eleições para o Legislativo, está em jogo a sustentação do projeto eleito para o Executivo, assim como o equilíbrio de forças políticas que garanta uma oposição atuante, elemento fundamental numa democracia. Acompanhar, cobrar, participar dos mandatos também é.
Ao serem eleitos, embora representem as respectivas bases eleitorais, parlamentares não têm compromisso apenas com elas. Estão nos parlamentos a serviço da sociedade.
Exercitar a memória política, diante disso, é tarefa do eleitor. A indignação externada em tantas situações, de escândalos de corrupção a ações - e omissões - que envolvem políticos, com frequência contrasta com a autocrítica coletiva de que o brasileiro “tem memória curta”. É inadiável, nestas e nas próximas eleições, parar de colocar sob holofotes apenas a disputa para Governo e Presidência.
Para a pesquisa "Lembrança de voto nas eleições de 2018 no Ceará", o Instituto Opnus entrevistou 2.200 eleitores, com idades a partir de 16 anos, em 101 dos 184 municípios cearenses. O levantamento foi realizado entre os dias 9 e 14 de fevereiro deste ano.
A margem de erro, de acordo com o Instituto, é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%.
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