Por que esta pequena cidade do Ceará é líder na exportação de pedras de luxo
Uruoca concentra jazidas de quartzito de alta qualidade e responde por mais de um terço das vendas externas do setor no Estado
Rochas extraídas de um pequeno município cearense abastecem edificações no mercado arquitetônico de exigentes consumidores na Europa, Estados Unidos e China. Trata-se de Uruoca, localizada no noroeste do Estado, com uma população de pouco mais de 13 mil habitantes.
A cidade é líder absoluta nas exportações cearenses de rochas ornamentais, como mostram dados parciais de 2025. De janeiro a julho, foram comercializados US$ 12 milhões (em torno de R$ 65 milhões), o equivalente a 37% do total exportado pelo Ceará neste segmento, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC).
O resultado representa um avanço de 194,5% frente ao mesmo período de 2024, quando Uruoca exportou US$ 4 milhões. O crescimento supera a média estadual, que foi de 130,2%, passando de US$ 22,6 milhões para US$ 52 milhões.
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Outros municípios com participação relevante foram Caucaia (US$ 7,9 milhões) e Santa Quitéria (US$ 6,2 milhões), que ainda ficam distantes do resultado de Uruoca.
Para o prefeito Kennedy Aquino, o desempenho confirma a inserção do município no mercado internacional. “Este resultado mostra que Uruoca está inserida no cenário global de forma definitiva. Nosso município se consolida como referência em exportações no Ceará”, afirma.
O que explica a liderança
A liderança de Uruoca se apoia em alguns fatores que fazem do Município um polo especial.
• Jazidas abundantes e exclusivas: a região concentra reservas expressivas de quartzito, como o Perla Venata e o Taj Mahal, variedades de alto valor no mercado internacional;
• Infraestrutura logística: a proximidade com o Porto do Pecém favorece o escoamento da produção para os principais destinos;
• Histórico exportador consolidado: Uruoca já liderava o setor em 2024, quando respondeu por 31,5% das exportações estaduais em volume. O salto em 2025 reforça uma trajetória de consolidação.
Para onde vão as rochas de Uruoca
A maior parte das rochas é exportada para a Europa, com destaque para a Itália. Os Estados Unidos e a China são outros mercados consumidores relevantes.
O material é utilizado em revestimentos de alto padrão, como pisos, paredes e fachadas. O Tai Mahal, por exemplo, está em ascensão neste mercado, muita vezes substituindo o mármore em ornamentos de luxo.
O desempenho de Uruoca reforça a posição do Ceará como o 3º maior exportador de rochas ornamentais do Brasil, atrás apenas do Espírito Santo e de Minas Gerais. Entre os produtos, o quartzito responde por quase 70% das vendas externas do Estado, com forte demanda nos mercados europeu e norte-americano.
Mas há desafios. As remessas cearenses para o exterior ocorrem na forma de blocos brutos de quartzito. O beneficiamento — processo que transforma essas pedras em chapas polidas, bancadas e revestimentos — não é feito aqui. A atual sistemática garante receita ao Ceará, mas limita a geração de valor agregado localmente.
Nesta semana, aliás, a Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) participa de tradicional evento no Espírito Santo, a Cachoeiro Stone Fair, onde apresenta a potenciais investidores as oportunidades do Ceará neste setor.