Por que as manifestações de 7 de setembro devem fazer a economia sangrar ainda mais

Governo inflama crise institucional e põe em risco o novo Bolsa Família e as reformas; preços podem subir ainda mais

Legenda: PEC do teto de gastos foi aprovada em 2016
Foto: RODOLFO STUCKERT

Em meio ao vasto espectro de incertezas sobre os reais impactos dos atos de 7 de setembro, pelo menos um ponto mostra-se cristalino: a economia será castigada com as manifestações antidemocráticas. A intensidade do baque dependerá da dimensão dos protestos.

A fantasia de pujança econômica narrada por Paulo Guedes meses atrás logo chocou-se com a realidade. Os últimos dois meses foram de tensão nos mercados, com a Bolsa voltando a encolher e o real em queda.

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A inflação dos produtos essenciais está rapidamente aniquilando a renda da população, em paralelo à paralisia de pautas robustas em Brasília, como as reformas tributária e administrativa e o novo Bolsa Família.

Estes temas seguirão emperrados enquanto o presidente Jair Bolsonaro continuar atuando como principal fiador das crises institucionais.

Desde 1º de janeiro de 2019, o Palácio do Planalto tornou-se um ringue em que são promovidas contendas com todos os entes que não estejam em plena consonância com a linha federal. É um governo dependente da forja de antagonistas e inimigos - e não adversários, como é comum aos ritos republicanos.

Tamanha sede por instabilidade cobra um preço alto na economia. Não há como sustentar uma onda de crescimento com os solavancos gerados sistematicamente pela própria gestão federal e suas constantes ameaças de ruptura.

Inflação, Bolsa Família e reformas

Os investidores já começaram a fugir. Compreensível, afinal, o risco de aportar recursos no meio de um pandemônio é gigante.

Também não há clima para votação de reformas com o Executivo concentrado em atacar o STF, o sistema eleitoral, os governadores, etc.

Nos bastidores de Brasília, deputados e senadores já consideram Guedes um zumbi político. Bom lembrar que a minirreforma trabalhista concebida no Ministério da Economia foi enterrada no Senado.

Assim, a manobra de empurrar os precatórios com a barriga para garantir o novo Bolsa Família, o Auxílio Brasil, vai se tornando missão cada vez mais difícil.

Com o empenho em maximizar o estremecimento das relações entre os poderes, o Governo Federal deve submeter a moeda brasileira a toda sorte de intempérie. Como o câmbio é um dos fatores que vêm jogando os preços para o alto, o movimento de 7 de setembro deve contribuir também para a inflação, pois consolida a nebulosidade no quadro político.

A economia seguirá sangrando.



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