Após passar por reformulação nos valores, o Bolsa Família ganhará nova identidade e passará a se chamar Auxílio Brasil, confirmou o presidente Jair Bolsonaro, ontem (4), na solenidade de posse do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Confira abaixo 5 pontos sobre o novo programa de pagamentos para famílias vulneráveis.
1. Qual será o valor?
Ainda não há consenso sobre o novo valor que será pago aos beneficiários, mas, conforme recentes falas de Bolsonaro e de outros integrantes da alta cúpula do Governo, a bolsa deve ficar acima de R$ 300. Hoje, o programa paga, em média, R$ 192,
O presidente da Câmara, Arthur Lira, já negou que os desembolsos fiquem na casa dos R$ 400.
2. De onde virá o dinheiro?
Para garantir os recursos do aumento, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, cogita uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para mudar o fluxo dos pagamentos motivados por sentenças judiciais, os precatórios, e assim reduzir estes custos e realocá-los para o Auxílio Brasil.
Em 2022, os precatórios devem absorver R$ 90 bilhões dos cofres da União, bastante acima dos R$ 54 bilhões previstos para este ano.
3. Vale-gás
O presidente Bolsonaro aventou a possibilidade de o novo auxílio incluir também a liberação de um vale-gás, que, segundo ele, seria pago a cada dois meses aos titulares do programa.
Este complemento seria subsidiado por R$ 3 bilhões oriundos do fundo da Petrobras.
4. Novo nome
Ao renomear o Bolsa Família de Auxílio Brasil, o Governo Bolsonaro tem a nítida intenção de iniciar 2022 com uma marca própria, na tentativa de dissociar o Bolsa Família da gestão do PT, à qual esta nomenclatura ainda é muito atrelada.
A reformulação na identidade também a aproxima do auxílio emergencial, projeto de distribuição de renda amplamente conhecido, que se tornou um trunfo político de Bolsonaro, principalmente em 2020.
Do ponto de vista do marketing político, não há dúvidas de que a nova marca tende a gerar mais louros à gestão Bolsonaro, ainda mais com a perspectiva de rivalização do processo eleitoral do próximo ano com o ex-presidente Lula, criador do Bolsa Família.
5. Foco na eleição 2022
O esforço para aumentar de forma significativa o valor do Bolsa Família, bem como a criação do novo nome para o benefício, evidencia o forte ímpeto político desta estratégia, em um período de intensa pressão sobre o presidente, cuja popularidade despenca ladeira abaixo.
Por mais seja gritante a necessidade de atualização dos pagamentos do Bolsa Família, os quais acumulam defasagem ao longo das últimas gestões, Bolsonaro tentará capitalizar este prêmio popular para si, de olho nas urnas - aliás, criticadas copiosamente por ele.