Esta semana, uma mulher teve o corpo lesionado após ser empurrada por um carro em pleno passeio ciclístico. Ela estava pedalando, em uma avenida do Paraná, quando um carro se aproximou, batendo na bicicleta e derrubando-a no chão. Antes da queda, o que se vê pelo vídeo que circulou nas redes sociais é o homem, passageiro do referido carro, passando a mão no corpo dela.
A ciclista, felizmente, decidiu não se calar. Teve força e disposição para buscar a delegacia de Polícia e denunciar o agressor. Chamou atenção para o vídeo e o homem foi identificado e preso. Deve responder por importunação sexual e lesão corporal. O motorista do carro também foi preso e deve responder pelos mesmos crimes. Até agora, as matérias não identificaram o agressor.
Esta é a segunda vez que uso esse espaço para saudar as mulheres que têm a força de denunciar seus agressores. Isso já havia acontecido com Pâmela e o DJ Ivis, que praticou violentíssimas agressões contra ela.
É também a segunda vez que falo desse machismo direto, que tem uma vítima específica. Mas reforço, essas violências ferem a todas nós mulheres.
O caso da ciclista traz à tona a lei da importunação. Sancionada há três anos, a lei tornou crime o ato libidinoso praticado contra alguém, e sem a autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de terceiro. A pena prevista é de um a cinco anos de reclusão. Com a lei, tornou-se crime o beijo “roubado” ou o toque sem consentimento, ou ainda aquele hábito machista de homens encostarem a genitália masculina contra o corpo da mulher dentro do transporte público lotado.
A lei até pode nos parecer óbvia, mas foi criada tendo em vista a quantidade de mulheres que diariamente têm seus corpos violados por essa sociedade patriarcal. O dispositivo é um reforço de que nós mulheres não precisamos aceitar, não precisamos calar diante dessas violências, dessas violações. Ao contrário, devemos fazer valer o nosso direito, o direito sobre nossos próprios corpos.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.