Janeiro é o mês de refletirmos sobre passado e futuro, de definirmos as metas e pensarmos sobre o que queremos. É um mês que funciona como uma folha em branco que vamos preencher.
Não sei se você sabem, mas essa metáfora da folha em branco pode ser usada para compreender o chamado Janeiro Branco, uma dessas muitas campanhas que utilizam as cores como alerta para cuidados com a saúde.
No primeiro mês do ano, os cuidados devem ser com a saúde mental. Esse momento de renovar esperanças é também o momento de olhar para a tela em branco e começar uma história saudável.
Após mais de um ano em isolamento social, vivenciando a perda de pessoas queridas, afastados de nossos familiares, passando os dias em frente às telas de computadores, assumindo novas tarefas cotidianas, e com uma rotina de trabalho e estudos completamente desorganizada, pensar sobre a saúde mental é algo extremamente necessário.
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No início da pandemia, a comunidade médica mostrou preocupação com o que poderia ser uma epidemia paralela, a da saúde mental. O aumento de sofrimento psicológico, dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais foi visto a olhos nus.
Agora, ainda que assustados com uma nova onda de gripe, parecemos enfim superarmos o vírus. É tempo, então, de nos cuidarmos e começarmos a cicatrizar as feridas criadas pela Covid-19. Certamente nossa saúde mental não é mais a mesma. Nem a nossa nem a dos nossos, e aqui me refiro a crianças e adolescentes que também se viram extremamente afetados com a pandemia.
Em entrevista, o diretor clínico do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto, Helder Gomes de Moraes, apontou estimativa de que cerca de 25% da população vai apresentar um transtorno ansioso em algum momento da vida e 15% da população vai apresentar um transtorno depressivo ao longo da vida. Ele também observa que depressão, ansiedade e insônia são transtornos mentais em crescimento nos últimos anos, principalmente por causa das demandas da sociedade, cada vez mais acelerada.
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Quem de nós, já não se pegou controlando a ansiedade ou buscando estratégias para uma noite de sono tranquila. Nas palavras do diretor, mesmo nesses casos de depressão, ansiedade e insônia, há uma resistência pela procura por ajuda.
Segundo ele, “Sabemos que pessoas deprimidas, ansiosas e com insônia vão se apresentar preservadas boa parte do tempo, vão conseguir trabalhar nos casos mais leves a moderados, vão conseguir ter um juízo crítico da realidade e, por essas razões, podem menosprezar o quadro. Algumas pessoas chegam a pensar que só sentem esses sintomas quem quer e isso não corresponde à realidade. Os transtornos mentais podem acometer qualquer pessoa e é importante não menosprezar os sintomas”.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.