Com a greve dos caminhoneiros transportadores de combustível no País, a alta demanda e instabilidades de estoques em algumas distribuidoras, algumas cidades do Brasil já começam a viver crises de desabastecimento de gasolina.
A situação do Ceará, no entanto, parece ser um pouco mais estável, com previsão de apenas desabastecimentos pontuais em alguns postos e sem perspectiva de um "blackout", até o momento.
A projeção foi confirmada pelo assessor econômico do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa. Ele, porém, confirmou que alguns postos poderão registrar falta de estoque para alguns combustíveis nas próximas semanas.
Mas não seria nada generalizado, dando a oportunidade do consumidor buscar opções em outras unidades.
"Na realidade, vai haver restrição de entregas porque os estoques estão menores que a demanda. Vamos ter desabastecimento pontual, então serão faltas pontuais por conta da restrição de entrega, alguns postos podem ter falta de insumo, mas o consumidor pode encontrar em outro", afirmou.
No entanto, com manutenção dos níveis de demanda e a redução dos potenciais de estoque (oferta), há uma boa probabilidade, também, de que a gasolina e o diesel fiquem mais caros no Ceará nos próximos dias.
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Apesar do cenário de certa tranquilidade o consultor da área de petróleo e gás, Bruno Iughetti, afirmou que se a situação atual se mantiver, considerando os impactos negativos na capacidade de composição de estoques de combustível, há, sim, chances de haver desabastecimento de combustíveis no longo prazo.
"A situação está absolutamente tranquila. As bases das companhias estão operando na normalidade, e em função disso eu vejo que não há risco de desabastecimento no Estado", disse.
"Mas olhando a longo prazo, realmente, temos um fator de risco que pode ter problemas no abastecimento, mas não acredito que venha a ocorrer. A demanda deve continuar dentro da escalada normal e isso não deve gerar", completou Iughetti.
Em relação às pressões geradas pelo cenário internacional, Antônio José Costa afirmou não haver previsões de grandes flutuações de preços nos próximos meses, reduzindo os impactos da composição de preços dos combustíveis no Brasil.
Como a Petrobras vem utilizando um modelo baseado na variação do mercado internacional, que considera as variações cambiais e o preço do barril de petróleo no mercado global, as variações acabam tendo impacto direto nos postos brasileiros.
"Acredito que petróleo é um produto que sempre tem em boa quantidade suficiente e não se comenta de falta ou desabastecimento em canto nenhum do mundo. A não ser que haja desastres naturais nos campos de extração ou se Rússia ou Emirados Árabes quiserem aumentar os preços, não perspectiva de alta no momento. Também não há perspectiva de um blackout", disse.
Apesar de todas as variações do cenário internacional, o consultor Bruno Iughetti acredita que a Petrobras não deverá alterar a política de preços dos combustíveis no País.
"Pelo que sabemos até o momento é que a Petrobras não deve alterar a forma de reajustes de preços, mantendo os critérios usados em vários outros países", comentou.