O que falta para a produção de hidrogênio verde deslanchar no Ceará? Entenda

Perspectivas foram apresentadas pelo presidente da EDP Brasil e pelo secretário de desenvolvimento econômico do Estado

Foto: Kid Júnior

Com mais de 20 memorandos de entendimento já assinados, o Ceará tem um caminho traçado para desenvolver o setor de hidrogênio verde. Contudo, segundo o presidente o da EDP Brasil, João Marques da Cruz, Estado e País ainda precisam resolver algumas questões para ser notado um ambiente favorável para os negócios "deslancharem". 

O CEO da portuguesa de energia comentou sobre as necessidades do setor de hidrogênio durante evento de produção da primeira molécula no Ceará, realizado na última quinta-feira (19), no complexo da companhia, no Pecém. 

Segundo Marques da Cruz, os custos de produção do hidrogênio verde, que ainda depende de projetos de pesquisa e desenvolvimento para escalar como mercado, ainda não comparáveis aos de outros combustíveis mais poluentes, como o gás natural.  

E para gerar mais viabilidade econômica, governos de Brasil, Estados Unidos e países na Europa (onde deve haver maior nível de demanda inicial), precisariam firmar parcerias para gerar subsídios às empresas brasileiras participando de leilões desse combustível no futuro. 

O modelo, segundo o CEO da EDP Brasil, aumentaria o potencial de competição do combustível produzido no País em comparação com outros mercados. João Marques destacou que empresas de Estados Unidos e União Europeia já estão recebendo esses incentivos para participar de leilões de energia com demanda por hidrogênio verde. 

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"A produção de hidrogênio verde tem custos mais altos que a do gás natural, mas o problema é que o gás polui e o hidrogênio, não. Por isso, o grande problema é a sustentabilidade econômica, então precisamos resolver isso, e é importante que os projetos no Brasil consigam participar dos leilões da União Europeia que atribuem subsídio aos projetos de hidrogênio para viabilizar", disse.

"Hoje há uma diferença entre o custo de produção do hidrogênio e outros combustíveis, mas isso é um problema no mundo todo", completou.

Regulamentação necessária

Além dos subsídios e parcerias internacionais, João Marques destacou a importância de se discutir um marco regulatório para o hidrogênio verde no País, para adequar a produção nacional aos modelos usados futuramente em leilões no mercado internacional.  

Contudo, reforçou o executivo, a questão da viabilidade econômica e parcerias internacionais são a chave. 

"É verdade que especificamente, no Brasil, há uma necessidade de regulação, de regulamentação, e há algo a fazer. Mas questão essencial não é essa, porque mesmo que isso estivesse tudo perfeito, continuaria a haver a necessidade de viabilidade econômica. Por isso, um acordo internacional entre Europa, Estados Unidos e Brasil para que os projetos aqui possam receber um subsídio nesses contratos com Europa e Estados Unidos", disse. 

Legenda: Presidente da EDP falou sobre a parceria internacional e os subsídios a empresas brasileiras
Foto: Foto: Kid Júnior

Necessidade de plano nacional 

Sobre as demandas para o setor deslanchar, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Salmito Filho, destacou ser importante, também, a criação de plano nacional focado no hidrogênio, comparando ao modelo construído por Portugal nos últimos anos. 

A elaboração de um plano também seria fundamental para dar segurança aos investimentos de pesquisa e desenvolvimento.

"Existem alguns pontos e o Ceará colocou o Brasil no mapa dos combustíveis verdes. Mas temos pontos ainda para tratar, como um plano nacional de hidrogênio verde, algo que Portugal construiu em 2020, e nós precisamos de uma regulamentação, também. Precisamos construir a institucionalidade pública para estimular e atrair a iniciativa privada a avançar nas pesquisas. É ciência e tecnologia como principais vetores de produtividade e competitividade", disse.

Legenda: Titular da SDE tem destacado a necessidade de um plano nacional de desenvolvimento para o hidrogênio verde
Foto: Kid Júnior

"Aqui (na UTE-Pecém) é um investimento muito mais de pesquisa tecnológica para aprimorar a qualidade do combustível verde, que poderá alimentar transportes pesados, parques industriais europeus, então isso é algo transformador e inovador. Além de sustentável do ponto de vista ambiental, mas queremos transformar em sustentável do ponto de vista social", completou. 

 

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