Energia eólica offshore tem potencial de gerar 480 mil vagas de trabalho no Ceará

Perspectiva foi apresentada pelo secretário de desenvolvimento econômico do Estado, que destacou a evolução da demanda no setor de hidrogênio verde

Legenda: Três projetos de geração eólica "off shore" no Ceará estão em análise no Ibama
Foto: Shuterstock

O setor de hidrogênio verde no Ceará, além de iniciar um novo tipo de negócio, poderá impulsionar indiretamente o Estado a zerar o déficit de empregos no mercado de trabalho atual. Segundo Maia Júnior, secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do governo estadual, apenas o segmento de geração de energia eólica offshore poderia, em alguns anos, gerar cerca de 480 mil empregos. 

A previsão estaria baseada nos cálculos da Sedet de que cada 1 gigawatt de potência instalada no offshore geraria cerca de 9 mil empregos.

Contudo, o potencial a ser explorado na costa cearense é de 48 GW, considerando todos os projetos previstos, que seriam estimulados para atender a demanda energética para, entre outras finalidades, os projetos de hidrogênio verde nos próximos anos. 

A partir desses dados, Maia Júnior, que conversou com exclusividade com o Sistema Verdes Mares, apontou a previsão de se gerar cerca de 480 mil empregos nos próximo 10 ou 15 anos.

Atualmente, ainda de acordo com dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o déficit de vagas de trabalho, sem considerar os desalentados, é de 412 mil pessoas. 

"O grande desafio de um Estado, além de fazer a economia crescer, é gerar emprego. Implantados os projetos que temos aqui, o Ceará vai entrar em um boom de crescimento econômico muito maior que o anterior. Se pegarmos uma série de 10 ou 15 anos crescendo o dobro do que crescemos hoje, a gente vai gerar uma mudança substancial na atração de talentos, retenção, na média salarial, e a geração quantitativa de empregos", disse Maia. 

"Esses empregos geram uma massa salarial enorme. Um 1 gigawatt de geração offshore emprega 9 mil pessoas e nós temos 48 GW como desafio para implantar em licenciamento. Lógico que eles não vão acontecer de uma só vez. Mas 9 mil em média, implantando tudo, estamos falando aí de quase 480 mil empregos, e essa quantidade significa que não vamos ter pessoas desempregadas no Ceará olhando o retrato do mercado de trabalho de hoje", completou.

Sobre os desalentados, aquelas pessoas que já desistiram de procurar emprego, Maia afirmou que a estimava mais atual é de haver cerca de 300 mil pessoas no Ceará.  

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Inovação e pesquisa

Além da geração de empregos, Maia comentou que os setores de hidrogênio verde e energias renováveis podem ser importantes para impulsionar os investimentos em pesquisa e inovação nas universidades locais. Esse cenário pode ser fundamental para, além aumentar o número de vagas no mercado, elevar a média da massa salarial nos próximos anos. 

"Nossas universidades terão um upgrade enorme porque isso exige centros de inovação enormes, de primeira linha, para dar substância para as empresas, então teremos um crescimento muito grande nas áreas de pesquisa e inovação com essa nova indústria de hidrogênio verde e esse mercado de energias renováveis. É um olhar transformador", explicou Maia. 

"Temos a indústria hoje que mais gera emprego com a têxtil e de confecções, calçados, e turismo, mas daremos um salto com empregos de maior valor agregado, mais abertura de transformação das universidades, com pesquisas, então teremos um ganho muito grande nesses setores de educação, com universidades e escolas profissionais", completou.

Legenda: Maia falou com exclusividade ao SVM
Foto: Fabiane de Paula

Impostos e mercado interno 

Sobre a cadeia do hidrogênio verde, o titular da Sedet ainda projetou que o setor poderá ser um grande gerador de impostos ao Estado quando houver um foco maior no mercado interno. 

O processo, contudo, vai depender da evolução da demanda de outros setores da economia, como as produtoras de cimento e as siderúrgicas, que poderão reforçar nos próximos anos as metas para descarbonização das operações e venda dos produtos para focar em especificações de mercado. 

"Essa cadeia também gera impostos. A partir do momento que esse mercado entender que o exterior, com Estados Unidos e Europa ou Ásia, tem uma demanda, mas que o gigantesco país chamado Brasil tem uma demanda enorme, essa cadeia de hidrogênio vai gerar impostos no Brasil. Temos um regime tributário especial para exportar, mas para vender no Brasil, tem de pagar impostos", comentou Maia.

"O Brasil tem 49 cimenteiras, o Ceará tem 5, e a simples decisão de descarbonizar essas cimenteiras você imagina o consumo de hidrogênio que teremos, considerando a projeção de vendas futuras, já que o mercado exigirá a descarbonização, e ainda temos a siderurgia. Então esses setores vão gerar muitos impostos", completou.

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