Bolsa brasileira pode ter melhores resultados que os EUA nos próximos meses

Economista-chefe da instituição espanhola Andbank conversou com exclusividade para a coluna sobre a importância da questão fiscal e o potencial dos mercados brasileiro e norte-americanos

Legenda: Economista-chefe do Andbank comentou sobre as perspectivas para o mercado brasileiro
Foto: Divulgação

O mercado de ações no Brasil poderá apresentar uma performance melhor que o dos Estados Unidos pelos próximos 2 ou 3 meses caso a condução da economia nacional se mantenha focada no equilíbrio fiscal das contas públicas. A perspectiva foi defendida por Alex Fusté, economista-chefe do Andbank, que começou a operar em Fortaleza na última quarta-feira (5) através do escritório Solana Investimentos. 

Para Fusté, o Brasil tem se posicionado como um porto seguro quando se observa os resultados dos mercados emergentes, colocando-se como um expoente para investidores na América Latina, por ter se antecipado no controle da inflação ao atuar com mecanismos de política monetária. O economista-chefe do banco espanhol destacou os aumentos da taxa básica de juros (Selic) como fundamentais para dar mais confiabilidade e estabilidade ao mercado brasileiro. 

O Brasil está se comportando como um porto seguro, quando se observa o rendimento dos principais mercados pelo mundo, que estão em um território negativo profundo, enquanto o Brasil é um dos poucos positivos. Além disso, o Brasil está melhor que os outros países emergentes, como México"
Alex Fusté
Economista-chefe do Andbank

"Isso tem muito a ver com reformas que o País adotou, como a previdência e etc, mas ainda faltam algumas reformas para dar mais claridade fiscal, a reforma tributária, mas em manerias gerais o País tomou boas decisões. E no âmbito monetário ele está muito bem. Aqui foi o primeiro a subir as taxas de juros, indo mais alto que todos, então o Brasil foi o primeiro a controlar a inflação, que está caindo", completou.

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Dificuldades nos EUA

Aliado a esse cenário, os últimos resultados da economia nos Estados Unidos têm dado sinais ao mercado que as empresas mais inovadoras deverão sofrer possíveis quedas nos próximos meses. Com o aumento das taxas de juros pelo FED (banco central dos EUA), os investidores têm reduzido o apetite ao risco, impulsionando o fluxo de capitais para títulos mais conservadores ou os mercados emergentes, como o Brasil. 

"Temos boas credenciais aqui, dando os sinais corretos ao mercado, no âmbito fiscal e monetário. E um aspecto que pouca gente conhece, é que a formação bruta de capital fixo (FBCF) está se levantando, indicando que há a entrada de capital estrangeiro e o mundo vê o Brasil de outra forma, o que se reflete em dinâmicas positivas", explicou Fusté.

"Mas a chave está na ordem fiscal. O Brasil desfruta de um momento positivo e deve seguir assim, e nos Estados Unidos não há tranquilidade sobre as expectativas financeiras. Então não houve uma grande mudança nos EUA e no Brasil, teremos pelo menos uns 2 ou 3 meses com o mercado no Brasil tendo desempenhos melhores do que os Estados Unidos", acrescentou.

Perspectivas de longo prazo

As empresas que atuam, hoje, com modelos de negócios disruptivos nos EUA, contudo, na opinião de Fusté, ainda possuem um grande potencial para os investidores. A perspectiva é de que elas recuperem os bons índices de crescimento a partir do instante que a inflação por lá se mostrar controlada, o que pode voltar a alterar o fluxo de investimentos no mundo e afetar o mercado brasileiro. 

"Os Estados Unidos têm uma grande trajetória de futuro porque ainda pesam muito nos títulos americanos, esses títulos de empresa com valores disruptivos e que têm modelos de negócios inovadores, que devem performar melhor no longo prazo. Essas empresas estão sofrendo porque o FED aumentou os juros e quando isso ocorre, essas empresas sofrem porque eles dependem das perspectivas de futuro distante e quando há aumento dos juros eles caem muito em valor presente", projetou Fusté.

Solana Investimentos 

Em Fortaleza, o Andbank, através da Solana Investimentos, terá um foco em private banking e gestão de patrimônio. Segundo Rozana Ventura, CEO do escritório, o mercado em Fortaleza deverá apresentar um bom potencial de negócios. 

Ventura, no entanto, não detalhou as perspectivas de acordos de negócios ou expectativa de captação de investimentos nos próximos meses.  

"Nossa perspectiva está excelente. A gente sabe que existem grupos familiares importantes aqui e que a nossa proposta de valor é muito aderente a essas necessidades e o que eles precisam nesse setor de gestão de patrimônio, então acreditamos que conseguiremos desenvolver muito negócios", disse Rozana. 

"Nosso primeiro ponto positivo é estar ligado a um banco de 92 anos de existência nos dá uma visão de muito longo prazo, que é o que precisamos. O que queremos entregar é transparência e visão de longo prazo com alta qualidade técnica da equipe, que erá formada por 4 pessoas", completou.