Oriente Médio e China devem ser os novos mercados para exportação de frutas do Ceará

Os dois mercados, no entanto, possuem perspectivas de tempo diferentes de negociação para os empresários cearenses.

Legenda: Frutas brasileiras expostas na Fruit Attraction 2022
Foto: Divulgação

O Oriente Médio e a China deverão ser os próximos mercados com maior potencial a ser explorado pela fruticultura cearense de exportação nos próximos anos. A projeção foi apresentada pelo gerente de negócios portuários do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, Raul Viana, que participa da Fruit Attraction 2022, em Madrid, na Espanha. 

Os dois mercados, no entanto, possuem perspectivas de tempo diferentes de negociação para os empresários cearenses.

De acordo com Viana, o acesso ao comércio chinês, que ainda depende do transporte de frutas por avião, deverá ser uma realidade apenas no longo prazo. Viana explicou que ainda não há tecnologia para o transporte de frutas para a China no tempo necessário usando o modal aquático. Além disso, não há no momento formas de fazer a viagem usando os equipamentos de refrigeração e conserva das frutas disponíveis hoje.  

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Apesar das dificuldades, o mercado chinês já é apontado como tendo um grande potencial de negócios para as empresas locais.

"Um mercado a ser explorado, mas que ainda depende de novas tecnologias é a China. Existia um bloqueio do Brasil e China de negociar a entrada de frutas, e não tínhamos permissão para exportar melão, então é um grande fator a ser explorado a partir de agora. Contudo, não temos uma linha marítima para o melão chegar no "shelf life" (prazo de validade para ser vendido em prateleiras) necessário ainda", explicou. 

Mercado no Oriente Médio

Já o Oriente Médio deverá começar a dar resultados mais claros já nos próximos anos, a partir de negociações relacionadas aos serviços de transporte de mercadorias.

Como foi relatado pela coluna na semana passada, o Porto do Pecém retomou o serviço de exportação de frutas para portos no mar Mediterrâneo, operado pela MSC (Mediterranean Shipping Company).

Legenda: Porto do Pecém retomou serviço de exportação de frutas para o Mediterrâneo
Foto: Divulgação

A linha leva os produtos cearenses (e de outros estados do Nordeste) para cidades na Itália e Espanha, e de Barcelona oferecerá a opção de uma espécie de conexão com portos em Países do Oriente Médio. 

Durante a feira em Madrid, apesar das dificuldades do mercado de lá, Viana espera que negócios possam ser fechados e as frutas cearense possam chegar aos portos no Oriente Médio. 

"A gente tem excelentes perspectivas durante a feira e estamos acompanhando isso desde abril quando acompanhamos a Fruit Logística, e temos visto a preocupação com a inflação na Europa, mas isso não está atrapalhando a exportação e consumo do melão, mas exportamos também uva e manga de outras regiões do Nordeste", disse Viana.  

"Temos uma perspectiva de aumento das exportações também porque temos uma perspectiva de podermos entrar no mercado do Oriente Médio a partir dos serviços que já temos", completou.

Resultados do Porto 

Apesar das sinalizações de abertura de novos mercados, o Porto do Pecém deverá terminar o período da safra de 2022 com uma estabilidade no volume e valores movimentados pela exportação de frutas, podendo registrar apenas um leve aumento. 

Viana explicou que o desequilíbrio das cadeias produtivas e do preço do frete ainda gera muitos impactos para as empresas exportadoras e para os resultados do Porto do Pecém. 

Legenda: Estande do Brasil na Fruit Attraction 2022
Foto: Divulgação

Contudo, ele destacou que os preços do frete têm registrado redução de patamar nos últimos meses e o cenário pode ajudar a impulsionar o mercado de exportação. 

"Temos, talvez, uma perspectiva de pequeno aumento ou manutenção da movimentação de frutas por conta dos desafios que independem do Porto, como a pandemia, o conflito na Ucrânia. Mas tivemos a manutenção das duas linhas no Pecém que estamos agora concretizando, e isso é muito importante para as operações do Complexo", comentou.

"O trigo e tudo aumentou, os fretes há um ano estiveram em um patamar muito maior que agora, e temos tido redução ainda que menor que tivemos no aumento durante a pandemia. Grandes consultorias apontam uma redução do custo dos fretes, e estamos nos preparando para acompanhar essas movimentações para ajudar os produtores", completou Viana.

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