Como ficam a poupança e outros investimentos com a nova alta dos juros

De acordo com especialistas, os investimentos atrelados à inflação ou a taxa Selic podem trazer um bom nível de rentabilidade nesse momento

Com mais um aumento da taxa básica de juros brasileira, os investimentos em renda fixa vão se confirmando como boas opções para quem quer evitar a volatilidade do mercado de ações e garantir retornos em meio a uma tendência de inflação em alta. Segundo especialistas ouvidos por essa coluna, títulos atrelados à Selic, à inflação e até CDBs (Certificado de Depósito Bancário) podem ser boas opões neste momento. 

Na última quarta-feira (8), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou um reajuste da taxa Selic de 7,75% para 9,25% ao ano. E a movimentação traz reflexos diretos para os investidores, segundo Davi Azim Filho, membro do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE). 

Investidores mais arrojados deverão aumentar o interesse em títulos de renda fixa, enquanto os conservadores deverão fortalecer posições em relação aos aportes financeiros. Ele destacou o potencial das operações atreladas à Selic e à inflação como uma forma de proteger os investimentos durante o momento de instabilidade. 

"O aumento da Selic vai mudar o perfil dos investidores, mas não completamente. Quem é mais arrojado vai olhar mais para a renda fixa, enquanto o conservador deve manter o perfil, porque há uma tendência para a renda fixa", disse. 

"Títulos atrelados à Selic e à inflação para se proteger e ter retorno minimamente nesse momento de incerteza, até porque a tendência é da inflação tenha no próximo ano, porque o ambiente político não favorece isso, considerando eleições que reverberam no ambiente econômico", completou. 

O membro do Corecon apontou ainda que a Poupança, um dos investimentos prediletos dos brasileiros, também deverá ter ganhos de rentabilidade com o aumento dos juros.

Opções em renda fixa

Além dos títulos citados, Yuri Cavalcante, sócio e assessor da Aplix Investimentos, destacou que os CDBs podem ser boas opções para os investidores em renda fixa, considerando tanto os pós-fixados quanto os pré-fixados, dependendo da estratégia que se deseje aplicar.

Cavalcante também ressaltou que, como a perspectiva é de novas altas dos juros nos próximos meses, esses investimentos poderão dar bons resultados no curto prazo. Segundo agentes de mercado, a expectativa é que o Copom eleve a Selic a um patamar de 11% a 12% nas próximas reuniões.  

"A gente tem um cenário que vem se construindo a um tempo, com as altas a Selic nos últimos meses, então os CDBs podem ser uma opção. E é sempre bom ter uma certa liquidez para aproveitar essas oportunidades em momentos de alta de juros", disse Yuri. 

Investimentos para prestar atenção:

  • Títulos atrelados à Selic
  • Títulos atrelados ao IPCA (índice de inflação) 
  • CDBs
  • Fundos de investimento multimercado
  • Títulos atrelados a investimentos no exterior ou ao dólar

Renda variável e eleições

O sócio da Aplix ainda ponderou que, como o Brasil terá um cenário de instabilidade política em 2022, considerando o período eleitoral, investimentos atrelados a títulos no exterior ou atrelados podem ser uma boa opção para escapar da instabilidade. 

Já em relação ao mercado de ações, Cavalcante projetou que a bolsa ainda deverá passar por instabilidades, então é preciso estar atento e sempre de olho nos resultados das empresas antes de realizar aplicações financeiras na Bolsa. 

A ajuda de profissionais capacitados para operar no mercado financeiro poder ser um suporte para quem quer investir em ações. 

Mas o mercado de renda variável não deve ser totalmente descartado. Segundo Yuri, os fundos multimercado podem trazer boas perspectivas aos investidores nos próximos meses, compensando a instabilidade do mercado de ações. Já os fundos imobiliários podem não apresentar os melhores rendimentos no mesmo período. 

"Tem de estar muito atento ao mercado e a variável da eleição deixa tudo isso muito volátil. As crises e a questão do teto de gastos precisam ser acompanhados. Os fundos imobiliários, como são negociados em Bolsa, vão ter volatilidade principalmente com a alta da taxa de juros, que impacta negativamente, mas os fundos multimercado entram como opção porque eles são uma opção menos volátil ante às ações", projetou.