Além de professor e abolicionista, foi jornalista e deu visibilidade às hóstias que supostamente viraram sangue, origem das romarias a Juazeiro do Norte
De todas as pessoas que marcaram a história deste Cariri, ele está entre as que mais despertam admiração. José Joaquim Teles Marrocos nasceu em 26 de novembro de 1842, há exatos 180 anos. Era um homem culto e um humanista.
José Marrocos fundou escolas. Poliglota, ensinou latim e outras línguas no Interior e na Capital. Foi querido dos alunos. Um de seus poucos registros fotográficos mostra o caixão com o corpo do professor cercado por estudantes que foram homenageá-lo.
Marrocos era filho de um padre com uma senhora liberta da escravidão. Até tentou ser um sacerdote, mas teve a ordenação bloqueada no Seminário da Prainha. Tornou-se um dos principais abolicionistas do Ceará. Circulou pelo nosso estado defendendo essa luta.
A outra atividade a que se dedicou foi o jornalismo. E com esse talento tornou-se muito próximo do Padre Cícero, de quem era parente e um dos melhores amigos. Marrocos foi o maior divulgador do suposto milagre da hóstia. Acompanhou e descreveu à imprensa nacional e estrangeira os fenômenos ocorridos durante a eucaristia dada por Cícero à beata Maria de Araújo.
A visibilidade que os fatos tiveram foi maior e mais rápida graças à dedicação de Marrocos. Esses fatos estão na origem da fé popular que elegeu Juazeiro do Norte como a terra santa do Sertão. Morreu em 1910, sem ver a emancipação do município, conquista para a qual contribuiu decisivamente.