O que é escoliose? Especialistas explicam causas e como tratar

O problema de coluna atinge cerca de 4% da população mundial que possui entre 0 e 18 anos, conforme dados da OMS

Legenda: Escoliose é uma deformidade devido a um desvio na curvatura lateral e rotacional da coluna vertebral
Foto: Shutterstock

Dentre as diversas datas que marcam este mês, junho também é lembrado pela conscientização sobre a escoliose. O problema de coluna acomete mais de 1,6 milhão de brasileiros e atinge cerca de 4% da população mundial que possui entre 0 e 18 anos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Mas o que é escoliose? Segundo os especialistas, escoliose é originalmente uma palavra grega que significa “curvado”. O médico Valmir Fernandes, ortopedista e membro titular da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), explica que a condição é “uma deformidade devido a um desvio na curvatura lateral e rotacional da coluna vertebral”. 

O ortopedista Rômulo Pinheiro, especialista em coluna pela FMRP-USP e em cirurgia endoscópica e deformidades da coluna, acrescenta que a escoliose é “uma deformidade tridimensional da coluna vertebral em que a curvatura do plano coronal ou frontal ultrapassa 10 graus configurando um formato de ‘S’ ou ‘C’ normalmente”. 

A maioria dos casos de escoliose, cerca de 80% deles, possui causa desconhecida, conforme Rômulo, e, por isso, é chamada de idiopática. Valmir afirma também que a condição pode ser causada por fatores congênitos e secundários.

Outros fatores que podem levar à doença, segundo os profissionais, são: “deformidades congênitas da coluna (aquelas presentes no nascimento, ou herdadas), problemas neuromusculares (paralisia cerebral, espinha bífida, distrofia muscular, atrofia muscular espinhal) e degenerativas (adultos)”. 

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A escoliose pode ser mais comum em adolescentes. Os médicos detalham que ela está também associada ao pico de crescimento que se instala no fim da puberdade e se intensifica na adolescência. “Nessa fase, o risco de progressão da curva é maior, porque a taxa de crescimento do corpo é mais rápida. Muitas vezes, não há nenhum sintoma visível, até que tenha progredido significativamente”, afirma Rômulo.  

O especialista acrescenta que a incidência de curvas muito pequenas é bem parecida em ambos os sexos. No entanto, a proporção cresce para 4 meninas para 1 menino com curvas maiores de 20 graus e de 8 meninas para cada menino com curvas maiores de 40 graus. 

O tratamento da escoliose pode variar caso a caso de acordo com a gravidade. De uma forma geral, os médicos indicam exercícios específicos de fisioterapia, uso de coletes e até cirurgias. Valmir detalha que curvas entre 20 e 40 graus são tratadas com o colete e acima de 40 tem indicação de cirurgia. 

“Os objetivos do tratamento da escoliose são impedir o agravamento da doença, reduzir a deformidade e restabelecer o alinhamento da coluna. O tratamento cirúrgico é determinado para os casos com deformidades maiores, progressivas, ou seguidas de dor, compressão neurológica, ou em casos que evoluíram com piora mesmo com o tratamento não cirúrgico”, diz Rômulo.
 

Como é feito o diagnóstico? 

Os médicos detalham que a escoliose é detectada pelo exame clínico e através de um exame de radiografia. Porém, nem sempre ela é perceptível, depende da progressão da curva. Rômulo Pinheiro destaca alguns sinais que podem indicar a doença:  

  • Ombros ou quadris (cintura) assimétricos; 
  • Escapulas salientes; 
  • Tronco inclinado para o lado, resultante do encurvamento da coluna lateralmente; 
  • Clavícula proeminente; 
  • Cansaço e dor nas costas após tempo prolongado em posição sentada ou de pé.  

Atividade física  

Quem possui escoliose deve realizar exercícios com objetivo principal de corrigir a postura com alinhamento dos ombros e bacia e também fortalecer a musculatura da coluna, abdômen e membros. “Estes exercícios devem ser feitos com auxílio de um profissional qualificado tanto para ajudar na correção adequada da curva como para prescrever a progressão dos exercícios”, reforça Rômulo. 

Os médicos afirmam também que os pacientes com escoliose podem frequentar academia e praticar musculação, alongamento, pois estes podem também ser realizados como parte do tratamento.  

Valmir destaca que as atividades mais indicadas são: musculação, natação e pilates e lembra que “todas [atividades] são possíveis de serem realizadas, desde que não ultrapassem o limite de carga que o paciente possa executar”.

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Escoliose pode comprometer alguma atividade laboral?  

A escoliose pode comprometer a atividade laboral quando ela é de grande angulação, acima de 50 graus. Conforme Rômulo, nesses casos, o paciente tem risco de funcionamento dos pulmões e do coração além de dores nas costas incapacitantes. 

Já Valmir destaca aquelas escolioses que possuem acometimento neurológico, como as escolioses paralíticas, causadas pela paralisia cerebral, por exemplo. “Dependendo do grau de acometimento o paciente não deambula e não tem coordenação motora”, explica. 

O que é a escoliose lombar? 

De acordo com os especialistas, a escoliose lombar é o desvio lateral da coluna que acontece no fim das costas, na região lombar. Resultado da degeneração assimétrica da coluna vertebral.