O cio é um processo natural dos animais e compõe o processo reprodutivo das espécies. No entanto, o comportamento de uma gata no cio, por exemplo, é motivo de dor de cabeça para os tutores.
Segundo a médica veterinária, Wanessa Aires, especialista em medicina felina, o miado de gata no cio pode ser o grande problema. Mesmo pets calmos e silenciosos passam a miar de forma intensa. "Isso incomoda principalmente durante a noite, o que pode perturbar o sono do tutor e da vizinhança".
Por essas razões, separamos informações importantes sobre uma gata no cio e quais são os principais cuidados nessa fase.
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O cio acontece quando a gata atinge a maturidade sexual, por volta dos cinco a dez meses de idade, podendo variar um pouco para mais e um pouco para menos. "Tem ainda gatos que só entram no cio com um ano, o que pode até parecer estranho, mas é normal", explica Wanessa.
O período de duração do cio é entre cinco e vinte dias, mas isso pode mudar devido a alguns estímulos. "Por exemplo, a presença de gatos machos, a condição corpórea da gata, a raça e a época do ano", detalha a veterinária.
A gata tem uma característica muito peculiar: já que são fêmeas poliéstricas sazonais de dias longos. Isso significa que elas entram em atividade reprodutiva durante as épocas em que os dias estão mais iluminados e quentes, normalmente na primavera e no verão. Por isso, as gatas que vivem em ambientes tropicais, como o Brasil, por exemplo, podem ter ciclos durante todo o ano, já que o ambiente favorece isso".
A gata só ovula quando ocorre a monta do gato macho. Ou seja, somente após isso, ela se prepara para a concepção da gestação. "A ovulação está direcionada ao estímulo peniano. Quando o gato macho sobe na gatinha ele insere o pênis e a partir dai vai acontecer a ovulação e o ciclo pode se repetir em quinze dias", é o que explica Wanessa.
"A gata quando fica no cio apresenta alguns comportamentos bem estranhos e para quem nunca teve gato é até de assustar, realmente", relata a médica. Uma das principais mudanças de comportamento é a vocalização excessiva e ficar 'rolando' no chão por um tempo considerável, levantando o bumbum e a cauda. Outros sintomas são:
Segundo a veterinária, o gato macho não tem ciclos de cio como a fêmea porque a formação sexual dos machos é diferente. "Eles estão sempre prontos para montar nas fêmeas, basta encontrar uma que apresente o cio".
"Não é comum uma gata castrada entrar no cio, mas há casos em que a gata já passou pelo procedimento de castração e ainda assim apresenta comportamentos de cio. Isso pode acontecer devido à cirurgia mal realizada".
Wanessa Aires explica que existe a Síndrome do Ovário Remanescente, que é quando há remanescência de tecido ovariano por não ser removido todo o trato reprodutivo: os dois ovários e o útero.
"Às vezes, acaba ficando um resquício de ovário que vai continuar liberando hormônio e a gatinha vai continuar apresentando o comportamento de cio mesmo sendo castrada".
A veterinária aconselha que o tutor retorne com a gata ao veterinário, faça exames de ultrassom para avaliar se existe resquício de ovário. Caso tenha, será necessário passar por uma nova cirurgia.
Wanessa Aires explica que o método mais indicado para evitar o cio é a castração. E alerta para o uso de injeções de anticoncepcional no animal.
"Esses fármacos são perigosos, podem causar infecção uterina, levar a fêmea ao óbito, estimulam desenvolvimento de tumores de mama, de doenças metabólicas e comportamentais".
"Existe uma lenda de que após a castração, o animal não sai de casa. Mas, eu brinco dizendo que na castração são removidos os testículos, no caso dos machos, e os ovários e o útero, no caso das fêmeas, e as pernas do gato continuam lá no mesmo local. Então, não existe isso de que o gato castrado ele não sai de casa. Acontece que o gato castrado não sai de casa na intenção de cruzar, mas o instinto explorador, de caça, de curiosidade do gato vai permanecer da mesma forma. A única coisa que impede que o gato saia de casa são telas de proteção em portas e janelas", explica Wanessa.