Além de 'Ainda Estou Aqui', saiba mais sobre concorrentes da categoria de Melhor Filme no Oscar 2025

Disputa é difícil e favoritos já mudaram diversas vezes entre a imprensa internacional

Escrito por
Mylena Gadelha mylena.gadelha@svm.com.br
Legenda: Ao todo, dez filmes concorrem na categoria de 'Melhor Filme' do Oscar 2025, mas alguns destaques são citados pela imprensa em todo o mundo
Foto: divulgação

Gritos, surpresa, felicidade. Esses estágios poderiam ser usados para definir grande parte dos brasileiros que acompanharam o anúncio aos indicados do Oscar 2025, nesta quinta-feira (23), e viram ao vivo a história ser feita. Pela primeira vez, em anos, um filme brasileiro foi indicado à categoria mais importante na premiação da Academia, consagrando 'Ainda Estou Aqui' como um dos longas mais bem-sucedidos do cenário cinematográfico do país. Mais do que justo, há de se pontuar.

A disputa, sem dúvidas, é acirradíssima. Já era antes mesmo da indicação, quando o filme começou a campanha pelos Estados Unidos e fez frente a diversas obras que já ressoavam entre os membros votantes da Academia.

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Não faltaram, inclusive, especulações para levantar o nome de Fernanda Torres na categoria de 'Melhor Atriz', assunto mais forte após o Globo de Ouro e concretizado nesta quinta-feira (23). Nesse caminho, a categoria de Melhor Filme Internacional já era dada como quase certa devido à repercussão da obra brasileira entre os norte-americanos, também se materializando neste anúncio oficial.

Veja o trailer:

Os melhores cenários citavam 'Ainda Estou Aqui' para a categoria de 'Melhor Filme', mas como um concorrente distante, correndo por fora, aguardando uma chance para ganhar o holofote mais grandioso da premiação. Mas o que muitos apontavam como surreal, virou realidade. Agora, disputando com outros nove filmes, o longa de Walter Salles pode se tornar o maior de todos em 2025. O quanto podemos sonhar até março? 

Outros nove concorrentes

Não vai ser fácil, acho necessário frisar. A categoria de 'Melhor Filme' não é a mais importante à toa e a Academia já é conhecida também pelas preferências particulares que mantém e busca reafirmar a cada ano. 

Por conta disso, acredito, vale saber detalhes de cada um dos longas concorrentes para já se preparar nesse caminho. Desde 'Anora', que começou como favorito ao longo da temporada de premiações, até 'Emilia Pérez', imensamente criticado pela representação do povo latino, a categoria pode representar uma verdadeira caixinha de surpresas.

'Anora'

Dirigido por Sean Baker, 'Anora' parecia se encaminhar como o favorito certo deste ano. Estreante nos cinemas brasileiros esta semana, ele foi o grande vencedor em Cannes ainda em 2024, cheio de elogios à perfomance magistral de Mikey Madison.

A trama percorre uma parte da vida da jovem stripper Anora, interpretada pela atriz, que acha ter descoberto o amor com o filho de um oligarca, o herdeiro russo Ivan (Mark Eidelshtein). O caminho até o fim desse casamento é o que prende o espectador, logo de início magnetizado pela criação perfeita de Madison.

Agora, entretanto, ele parecer ter perdido um pouco da força na campanha dura pelo Oscar. Uma pena, entretanto, que tenha sido para obras como Emilia Pérez. 

'O Brutalista'

'O Brutalista' é dirigido por Brady Corbet, que venceu em Melhor direção no Festival de Veneza 2024. Nas últimas semanas, até foi apontado como franco-favorito ao prêmio principal do Oscar, mas viu tudo ficar incerto após informações de utilização de Inteligência Artificial na pós-produção. Seria mesmo ele a melhor escolha ainda com essa polêmica envolvida? Vale lembrar que os votantes podem, sim, ser influenciados por isso. 

Épico, o longa narra a história do arquiteto visionário László Toth (Adrien Brody) e da esposa Erzsébet (Felicity Jones). Em 1947, os dois escapam da Europa devastada pela guerra para recomeçar na América moderna. 

Ao todo, foram 10 indicações neste Oscar, fato que, claro, pesa a favor da obra. 

'Um Completo Desconhecido'

Timothée Chalamet até parecia esquecido nessa temporada de premiações, mas abocanhou agora uma indicação a 'Melhor Ator', enquanto 'Um Completo Desconhecido' também resolveu despontar entre os grandes destaques do ano. Não acredito que seja um dos mais fortes, consigo pontuar, mas o próprio ator já foi celebrado, em outros momentos, como o dono da "performance do ano".

O longa se ambienta na cena musical diversa de Nova York em 1960, retratando a rápida crescente de Bod Dylan nesse cenário. Imerso, Chalamet é o principal trunfo da obra, que ameaça levar a estatueta de vez para si. 

Se esse texto fosse aposta, não seria nele onde colocaria minhas fichas. 

'Conclave'

Temas religiosos, grandes atuações e disputas internas da igreja católica parecem sempre presentes no cenário cinematográfico mundial. O filme de Edward Berger estreia no Brasil nesta quinta (23), e se tornou um dos mais aguardados justamente pela força com que chega agora, às vésperas do Oscar. Um concorrente de peso.

Ralph Fiennes, inclusive, já foi citado como um dos grandes concorrentes deste ano. No longa, o ator vive Cardeal Lawrence, que recebe a grande responsabilidade de supervisionar a eleição de um novo Papa, mas se vê imerso em uma disputa de poder intensa entre figuras religiosas e uma conspiração sem fim. 

Não dava para passar sem polêmica com a Igreja Católica, claro, mas os elogiosos são impressionantes, o que torna também a disputa de 'Melhor Filme' ainda mais difícil.

'Duna: Parte Dois'

Vamos falar a verdade: ninguém mais lembrava da existência da 2ª parte de Duna, confesse. A jornada de Paul Atreides (Timothée Chalamet) até brilhou em 2024, mas ficou ofuscada com o passar dos meses. Um grande filme, mas quase sem chances. 

Na história, Atreides passa a ser conhecido como Muad'Dib, liderando os Fremen em uma rebelião contra o Império Galáctico. O caminho dele consiste em buscar vingança pela morte da própria família e pelo controle do planeta Arrakis.

'Emilia Pérez'

Filme sobre o México, com produção francesa, atores e atrizes norte-americanos. Não tinha como 'Emilia Pérez' não ser repleto de polêmicas. A maior dela, talvez, reforçada própria produção ao afirmar, sem pudores, que artistas mexicanos não foram escolhidos para o elenco por "falta de talentos" disponíveis.

A história contada pelo filme é a de Rita, uma advogada a serviço de uma grande empresa, mas insatisfeita com a profissão. Ela é contratada para ajudar o líder fugitivo de um cartel de drogas mexicano, Manitas, que deseja abandonar os negócios e passar por uma redesignação sexual. A partir daí, o filme fala sobre a disputa de territórios no México, com números musicais bem questionáveis nesse caminho.

Um dos favoritos, mas no que depende do público, passariam despercebidos diante de tantos problemas, seja no roteiro ou na interpretação. 

'Nickel Boys'

Sem muitas citações até o momento, ao menos quando se trata de apostar vencedores, o filme é baseado no livro “The Nickel Boys”, que conta a história da amizade de dois garotos negros norte-americanos enviados para um reformatório na Flórida na década de 1960. A base da trama foi o Dozier School for Boys, que ficou conhecido por tratar os jovens de forma abusiva.

Extremamente elogiado pela crítica internacional, ele pode se tornar uma surpresa caso vença a categoria.

'A Substância'

O terror de Coralie Fargeat trouxe o retorno de Demi Moore aos cinemas, sem dúvidas um acerto diante da narrativa que aborda. No longa, ele percorre a história de uma atriz "decadente" que enxerga a possibilidade de tomar uma substância e ser literalmente substituída como o melhor caminho ao esquecimento.

Nessa substituição, quem brilha no lugar dela é uma versão mais jovem, mais sexy e cheia de vitalidade. É nessa disputa entre os dois corpos onde tudo acontece, com direito a muito 'gore' em cena. 

'A Substância' se tornou um dos destaques justamente pela campanha quase espontânea entre o público, enquanto a crítica fez questão de ressaltar cada minuto do trabalho de Moore na obra. Sabe-se muito bem que o Oscar não vê filmes de terror como favoritos, mas a partir desse ponto tudo pode acontecer. 

'Wicked'

Quem não ouviu falar de 'Wicked' nos últimos tempos devia estar em alguma espécie de retiro ou completamente fora das redes sociais. O musical dirigido por John M. Chu ganhou tanta força entre público e crítica que até poucas semanas era quase certeza como campeão de 'Melhor Filme'. Agora, entretanto, parece disputar como igual com os demais, após perder força entre as certezas da temporada.

A história, que é um clássico da Broadway, retrata um prelúdio de 'O Mágico de Oz' por meio de Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande-Butera), duas amigas unidas pelas diferenças, que descobrem as próprias identidades por meio do laço que as une. As duas atrizes, inclusive, são o ponto mais magistral no longa, entregrando o que há de melhor na atuação e no canto. 

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