Rede Cuca Vôlei encerra ano sem vitórias na Superliga; técnico Marcelo Negrão espera um 2023 melhor

Foram 10 jogos na principal competição nacional e apenas três sets vencidos

Legenda: Última partida do ano no Ginásio Paulo Sarasate foi contra a equipe de São José
Foto: João Vitor Paiva / Rede Cuca Vôlei

Ser pioneiro em algo, requer sempre uma série de atribuições e desafios diferenciados. Quando se trata de esporte coletivo, o contexto é ainda mais complexo. Estreante na Superliga principal, o Rede Cuca Vôlei ainda não venceu, mas é preciso analisar esse cenário, além dos resultados em si. Em entrevista à coluna, o técnico Marcelo Negrão fez o balanço do turno e falou sobre as expectativas para o restante da competição. 

Definição dos sets vem sendo uma das principais dificuldades da equipe durante a temporada
Legenda: Definição dos sets vem sendo uma das principais dificuldades da equipe durante a temporada
Foto: Alex Sezko

Praticamente com o primeiro turno fechado, faltando apenas um jogo atrasado contra o Minas, o time cearense é o único que ainda não pontuou, amargando assim, a lanterna. O time, que foi montado de última hora tem que lidar com a falta de tempo de preparação e entrosamento, como um dos principais desafios, que vêm refletindo em todos os jogos. Resultado requer tempo e antes da primeira partida oficial, foram cerca de 40 dias, apenas, enquanto a maioria teve, pelo menos três meses . Negrão comenta sobre esse processo: 

"É claro que a gente quer um resultado de imediato porque é normal, né? Natural do ser humano, mas pelo menos na nossa modalidade, que é o voleibol, isso demora, requer um pouco de tempo, são anos treinando [...] É um processo e a gente tá tendo essa experiência pela primeira vez na Superliga profissional. Acredito que o time tem todas as condições pra continuar e se manter no cenário nacional do voleibol durante muitos anos.” 

Profissionalizar envolve muitas instâncias, são mudanças de hábitos, rotinas de treinos, preparação física... As viagens se tornaram mais constante e distantes, já que a maioria das equipes se concentra na região Sudeste. São muitos fatores. A transição acelerada traz consequências como a que o time vem enfrentando, de dificuldades nos resultados. 

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Outro ponto difícil, também por conta dessa inserção por último na elite do vôlei, foi a contratação de jogadores. O mercado já estava praticamente definido, quanto a equipe começou a ser montada. Apesar disso, novas contratações foram feitas ao longo da competição e aos poucos vem mostrando resultado no esquema de jogo, são exemplos o levantador Valentino e o ponteiro Yudi. 

Mas o que se observa é que ainda não uma definição em relação ao time titular e sempre novos jogadores vem sendo testados nas posições. Marcelo Negrão explicou que: “Quem escala não é o técnico. Quem escala é o próprio jogador.” Isso por conta de ele destacar que a observação nos treinamentos tem sido fundamental e que, diferente de outras modalidades, é possível ver melhor o destaque individual de quem está mais apto à titularidade no momento. 

Questionado sobre o aceite ao convite de ingressar na Superliga A, o técnico reforça que, apesar das dificuldades, não foi precipitado.

“A gente tá tendo hoje algumas experiências que o Cuca não teria se tivesse continuado jogando a Superliga B. Estamos tendo hoje o parâmetro que são esses atletas de nível de seleção brasileira, de jogadores mundiais [...] Tá sendo um aprendizado muito grande.” 

O ponteiro Yudi foi uma das contratações ao longo da temporada e vem se destacando
Legenda: O ponteiro Yudi foi uma das contratações ao longo da temporada e vem se destacando
Foto: João Vitor Paiva / Rede Cuca Vôlei

Aprendizado que reflete na melhora do time em quadra, apesar do resultado positivo ainda não ter chegado. Na última partida do ano, contra o São José, as parciais foram bastante disputadas e o time local venceu o primeiro set. Mas como em outros jogos, a dificuldade vem sendo na definição. Os sets são equilibrados, mas no fim o time acaba sendo superado. Marcelo Negrão comentou sobre isso: 

“É uma coisa que é  fisiológica, né?  Nós começamos muito tarde e a parte física requer um pouco mais de tempo pra deixar esses jogadores em forma. Os outros times estão, no mínimo, 20 jogos na nossa frente. Estamos usando esse primeiro turno até pra conhecer esses jogadores.” 

Cada partida do 2º turno vai ser uma final para a equipe do Rede Cuca Vôlei. A luta pela manutenção do time na elite do vôlei vai ser difícil, mas o técnico se mostra otimista: “A gente tem uma expectativa um pouco melhor, mesmo porque vai acabar com aquela história de que o time é um time que nunca jogou uma superliga. Eu tenho batido muito isso com os jogadores, que agora acabou o frio na barriga.” 

Serão 12 (contando com a partida pendente) jogos decisivos, em que o time precisará focar nas finalizações. Definir os pontos o mais breve possível, pra manter viva a representação cearense entre os melhores do vôlei nacional. 

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