Marcelo Negrão quer fazer história com a Rede Cuca na Superliga; veja entrevista exclusiva

O grupo ainda está sendo formado, mas novo treinador está motivado para crescimento de projeto

Legenda: Marcelo Negrão esteve no Sistema Verdes Mares para entrevista sobre nova fase à frente da equipe de vôlei da Rede Cuca
Foto: Angélica Ferreira

Marcelo Negrão chega ao comando da equipe de vôlei da Rede Cuca empolgado e motivado por fazer parte de um projeto inovador da modalidade. O técnico da primeira equipe cearense que disputará a Superliga A deu entrevista exclusiva à coluna, falou sobre ideias, expectativas e o que o torcedor pode esperar dessa equipe. 

Em construção, uma das principais dificuldades em que o planejamento tem esbarrado é na contratação de atletas, por conta do período. Enquanto a maioria dos times começa os preparativos ainda no primeiro semestre, aproximadamente um mês após o fim da temporada, a equipe cearense teve a confirmação da participação na Superliga A, apenas em agosto, após desclassificação da equipe do Funvic Natal (RN) por descumprir os requisitos de regularidade financeira. 

"Infelizmente, estamos atrasados. [...] A gente tem perspectivas de alguns atletas que querem. Estão vendo a oportunidade de vir jogar, se consagrar no campeonato nacional e abrir mercado. A globalização tá muito grande no meio do voleibol, é uma oportunidade com esse time aqui de outros jogadores aparecerem também." 

Marcelo Negrão se consagrou em uma geração vitoriosa do vôlei brasileiro, esteve no grupo que conquistou o primeiro ouro olímpico da modalidade e foi responsável pelo ponto da vitória, de saque, contra a Holanda. 

Marcelo Negrão assinou contrato com equipe da Rede Cuca nesta semana
Legenda: Marcelo Negrão assinou contrato com equipe da Rede Cuca nesta semana
Foto: Lucas Catrib

A carreira foi repleta de marcas históricas. Entre elas, a de ter marcado 74 pontos em uma única partida, quando defendia o time italiano Gabeca Montichiari. Muitas conquistas, mas também lesões, que fizeram Marcelo deixar a Seleção, em 2001, aos 28 anos, após rompimento do tendão patelar do joelho direito. O processo de recuperação o possibilitou a voltar às quadras por clubes e em 2006 veio a troca para as areias, onde permaneceu nas disputas por mais quatro anos. 

Marcelo Negrão teve carreira na Seleção encurtada por conta de lesões
Legenda: Marcelo Negrão teve carreira na Seleção encurtada por conta de lesões
Foto: Divulgação

Como técnico de equipe adulta, a estreia foi à frente do Sesi SP, em 2020. Essa transição para fora das quadras é um processo que sempre exige bastante do ex-atleta. Marcelo conta que, muitas vezes, se vê ali fazendo o movimento como se estivesse na disputa e que a saudade sempre existe. Mas reconhece o novo momento e busca ideias que possam acompanhar a tendência do vôlei mundial, que acredita não estar sendo acompanhada pela modalidade nacionalmente. 

Como técnico de equipe adulta, a estreia foi em 2020 pelo Sesi-SP
Legenda: Como técnico de equipe adulta, a estreia foi em 2020 pelo Sesi-SP
Foto: Gabriel Cabral - Folhapress

Referências não faltam para ele que esteve próximo a diversos ícones:

“Eu tive uma escola muito boa. [...] Vi os melhores técnicos do mundo. [.../ Participei da primeira geração, da época do vôlei de prata, que era o Bebeto de Freitas, já falecido, infelizmente, e ele que saiu puxando todo mundo. Ele puxou a escola do Bernardinho, depois  o Zé Roberto. Todos ali participaram daquele momento com o Bebeto de Freitas. E eu fiz parte como atleta dessa turma. O Josenildo de Carvalho também.[...] Eu pego um pouco de cada um e aí me moldei como técnico.” 

Apesar das referências, Marcelo confidenciou um momento com José Roberto Guimarães, técnico da Seleção Feminina: 

“Assim que eu entrei como técnico do time profissional, o Zé Roberto me ligou e falou assim: ‘Olha, parabéns, né, sucesso, mas assim, não perca sua essência. Bote em quadra, o que você gostaria que fosse. [...] Seja você.’” 

Marcelo traz essa lembrança e reforça a importância de implantar as ideias, que podem até parecer complicadas para a realidade atual, mas que já trouxeram bons resultados, como a possibilidade de o jogador ter a versatilidade de exercer mais de uma função:

“A gente tá muito focado em jogador que é uma só posição e isso o deixa muito marcado. Quando o jogador tem uma versatilidade maior, isso surpreende o adversário. Isso aconteceu na nossa Olimpíada de 92 e na de 2004 também quando a gente começou com além de um jogo muito veloz, uma bola do fundo pelo meio a pipe, que ninguém conseguia jogar muito com aquela bola. O brasileiro sempre teve um estilo de jogo um pouco mais diferente, que pode surpreender o adversário. E isso é o que eu quero usar no nosso time aqui.” 

“Pra colocar bola no chão nesse nosso time vai ter que sofrer” 

Garra. É o que Marcelo Negrão promete entregar para a torcida, que poderá acompanhar, inclusive, os treinos da equipe, além das partidas.  

Da base da equipe que ficou em 3º lugar na Superliga B, de seis a oito atletas devem permanecer. O restante ainda está por vir e nos bastidores a “corrida” por patrocínio ainda continua. Mas Marcelo se mostra confiante e traça o principal objetivo para a temporada: a permanência na elite do vôlei nacional. 

Na próxima segunda-feira (5), começam os treinos e a previsão é que a estreia na Superliga seja contra o multicampeão Sada/Cruzeiro, dia 22 de outubro. 

 

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