Casa cheia. Em plena sexta-feira à noite, a torcida cearense fez o seu papel e esgotou os mais de 5 mil ingressos para a partida de estreia da Superliga 2022/23. Tudo para apoiar o representante do Estado, que, pela primeira vez, desde a primeira edição em 1994, participa da principal competição do vôlei nacional.
A história da equipe da Rede Cuca até esse dia é totalmente fora do script: em resumo rápido, um projeto que começou amador e, em menos de um ano, ascendeu da terceira divisão da modalidade até a partida contra o principal time do País e um dos melhores do mundo: o Cruzeiro. O acesso garantido por último trouxe ainda mais desafios; o principal deles: montar uma equipe competitiva em dois meses.
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Processo acelerado, estreia bem executada. Não é porque a vitória não veio, que não é possível tirar pontos positivos deste primeiro jogo. Afinal, é preciso lidar com a realidade e nem o mais otimista dos torcedores poderia sonhar com uma vitória diante do multicampeão Cruzeiro. A derrota por 3 sets a 0 teve momentos de igualdade no placar e a equipe cearense chegou a estar à frente em alguns momentos. Destaque para o oposto Green e o ponteiro Reinaldo.
Apesar dos destaques individuais mencionados, o time como um todo se mostrou bastante guerreiro, raça não faltou. Mas não foi possível bater de frente com a superioridade técnica e entrosamento do Cruzeiro, que, mesmo deixando de fora algumas das principais peças, tem outras boas de reposição, e não deixa o nível cair.
O ponteiro Rodriguinho, eleito o melhor da partida, esteve com a seleção na campanha do bronze Mundial, assim como o oposto Wallace, que em momentos desfavoráveis tratou de retomar a liderança para sua equipe, e o meio Lucão, que não chegou a entrar em quadra.
Mas e aí, o que essa derrota cearense mostra?
Que muitos pontos precisam ser ajustados, entre eles o bloqueio, que não funcionou. E o melhor aproveitamento dos contra-ataques é fundamental para que a equipe consiga se estabelecer melhor e até mesmo intimidar os adversários.
Isso pode e deve ser ajustado durante a longa competição que é a Superliga, para garantir, pelo menos, o objetivo inicial que é a permanência na elite do vôlei nacional. São 12 equipes, as dez primeiras continuam na A, sendo que oito avançam para a disputa dos playoffs, que é o segundo objetivo do grupo.
Um passo de cada vez, estrear contra o melhor foi bom para mensurar o nível do grupo, assim como já previa em entrevistas anteriores o técnico Marcelo Negrão.
O Cruzeiro não foi aquele "monstro" que muitos esperavam, mas isso também graças ao talento e perseverança dos atletas locais. O nervosismo claramente atrapalhou em bolas que pareciam possíveis. Mas serviu também para dar rodagem à equipe, que testou o banco. O ponteiro Evandro foi a substituição mais aclamada pela torcida.
E por falar em torcida, essa fez um show à parte. Apoiou, vibrou e deu a força que poderia para o time da Rede Cuca. Ver um ginásio lotado é a mostra de que o cearense gosta, sim, de outras modalidades, que é possível ter como produto esportes olímpicos.
A equipe cearense é a única do Nordeste, o que mostra que, por aqui, ainda se tem muito o que caminhar nesse quesito. Os entraves são maiores até mesmo por logística, mas público há! E é um que espera há muito tempo pela oportunidade de acompanhar mais de perto o vôlei.
Falo por mim, que não escondo o apreço pela modalidade que me acompanha desde criança. Que trago na lembrança as partidas que pude acompanhar das seleções que vinham com mais frequência ao Ceará, mas desde a última disputa da feminina, em 2008, não voltaram.
De um longínquo torneio interclubes realizado em 2002, que me fez escolher o time de coração, do Estado de São Paulo, diga-se de passagem. O torcedor local tinha que buscar um time de fora para torcer, chegamos em um patamar que isso não é mais preciso. Tem vôlei cearense na elite do Brasil! A continuidade é a chave para esse estabelecimento e para ampliação dessa relação com o público.
A próxima partida da equipe da Rede Cuca é na quinta-feira (27), às 21h30, também no ginásio Paulo Sarasate, contra o time de Campinas, atual campeão paulista.