Na coluna de estreia, em agosto do ano passado, compartilhei por aqui a minha história com a acne. À época, estava começando um novo tratamento após diversas tentativas sem usar hormônio. Oito meses depois, as lesões estão mais controladas, as cicatrizes um pouco menos evidentes, mas ainda sofro com as manchas deixadas pelas espinhas.
Durante esse período, fiz um tratamento de seis meses com um ácido para o controle das espinhas e clareamento das manchas. Finalizei agora em abril e, com a melhora, mudei o protocolo de cuidados sob orientação da dermatologista que me acompanha.
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Assim como fiz antes, deixo aqui algumas imagens da evolução da pele nos últimos seis meses. O processo não é fácil nem rápido, requer muita paciência e disciplina para todos os dias usar os medicamentos prescritos pela médica. Por isso, ser acompanhado por um profissional de confiança e que seja fiel em dizer que não existe mágica é fundamental.
Aqui fica uma dica: tire fotos da sua pele, olheiras, manchas, do que você tratar, para acompanhar a evolução. Às vezes, a gente acha que não vê resultado, que não melhora e, quando vemos os registros, conseguimos analisar a realidade.
A dermatologista Hercília Queiroz explica que há dois tipos de manchas causadas pela acne, a avermelhada ou eritematosa e a acastanhada ou hipercromia pós-inflamatória. Ambas se diferenciam pelo tempo de evolução e pelo aspecto clínico da mancha.
A avermelhada surge de forma mais aguda, mais imediata durante o processo inflamatório da acne. Já a acastanhada surge, muitas vezes, de uma forma mais tardia, cerca de duas a quatro semanas após o quadro inflamatório e pode persistir por até seis meses a depender de cada paciente.
“O processo inflamatório da acne, quando se instala, causa um dano para a camada da derme que provoca fragmentação de colágeno, o que gera as cicatrizes e o surgimento de manchas avermelhadas e castanhas”.
A médica acrescenta que, além da predisposição genética, há fatores externos que influenciam na evolução da acne e, se tratados de forma preventiva, podem reduzir a intensidade, a distribuição e o surgimento de novas lesões.
Por isso, Hercília recomenda evitar exposição solar excessiva, reduzir a ingestão de carboidratos e açúcares refinados, manter uma boa qualidade de sono, higienizar a pele da forma correta pelo menos duas vezes ao dia. Usar o protetor solar é fundamental também para prevenir que essas manchas piorem.
“E, claro, o controle do estresse. Sabemos como a saúde mental impacta na evolução da acne, na inflamação, na recorrência e cronicidade do quadro. Nós sempre abordamos que o estresse atua como um fator desencadeante, perpetuador e agravante do quadro da acne”, destaca.
Além disso, a dermatologista orienta que se deve evitar usar toalhas, esfoliantes e produtos excessivamente ácidos com a tentativa de clarear ou renovar a pele. “Isso pode aumentar o processo inflamatório e fazer com que agrave ou aumentem as manchas”.
“Nós recomendamos sempre realizar procedimentos estéticos, como a limpeza de pele, com um profissional habilitado, nunca manipular a pele em casa sem qualquer orientação, manter uma hidratação regular e constante da pele, o que vai auxiliar na manutenção da barreira cutânea, ponto fundamental no tratamento da acne”, acrescenta a médica.
É por isso que a acne é um processo tão difícil, pois não só as lesões mexem com a autoestima, as cicatrizes e manchas também influenciam esse processo. Mas, como citei antes, é preciso entender que o tratamento é lento e requer diversas estratégias.
Ácidos como retinoides, peróxido de benzoíla, azelaico estão entre os mais indicados no tratamento, pois auxiliam no controle da acne e também reduzem as manchas. Higienizadores e protetor solar também ajudam no controle da produção da oleosidade.
"Casos em que há recorrência e refratariedade da acne nós também temos como ferramenta a associação de contraceptivos orais combinados com uma das substâncias da pílula com características antiandrogênicas que vão auxiliar no controle do trabalho da glândula sebácea”.
No meu caso, tenho retornos periódicos de três em três meses com a médica para que ela avalie o quadro e veja a necessidade de mudar algo. Na última consulta, no final de abril, diminuímos a frequência do uso do ácido e a dosagem do medicamento que tomo.
Porém, ela me indicou avaliação para procedimentos estéticos, pois há um limite da ação dos produtos tópicos na pele. Peelings químicos, microagulhamento, laser, a exemplo do de CO2, luz intensa pulsada são outras ferramentas com maior ação para manchas. Cabe sempre, claro, a orientação de profissional.