Sofro com acne desde os meus 13 anos. Primeiro, foi a puberdade. Aos 17, descobri a Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Apesar desse nome, a doença não tem a ver diretamente com os ovários, mas sim com hormônios. A grosso modo, quem tem SOP, sofre com o aumento dos hormônios masculinos no organismo, como a testosterona.
Espinhas, aumento de pelos no corpo, ciclos menstruais irregulares, queda de cabelo e até diabetes são os possíveis sintomas da síndrome, que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia, afeta entre 5% e 13% das mulheres em idade reprodutiva. E eu sou uma delas.
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Naquela época, em 2015, a médica dermatologista que me acompanhava só deu uma solução: a pílula anticoncepcional. Passei um ano em “tratamento” - em aspas mesmo, já que anos depois descobri que tá longe de ser simples assim - com os hormônios e vi minha pele se transformar.
De repente, a oleosidade tinha diminuído e as espinhas foram embora. Até as manchas, que tanto me incomodavam, sumiram.
Mas é claro que depois do primeiro ano e de suspender a medicação, conforme a indicação de uma ginecologista, tudo voltou e ainda pior. Pra mim, era impensável ter aquela pele de novo. Voltei a tomar a pílula por cinco anos ininterruptamente.
E foi assim até março de 2021, quando tive Covid-19 e fiquei com medo de ter uma trombose. Porém, meses antes eu já via minha pele piorando e as espinhas voltando. Depois disso, foi ladeira abaixo.
Comecei a ler mais sobre a SOP, troquei de médicas (pelo menos quatro vezes e de diferentes especialidades) e descobri que ainda pouco se sabe sobre esse distúrbio hormonal. O tratamento é basicamente mudança no estilo de vida, alimentação mais equilibrada, atividade física, sono regular e manejo do estresse. Falando assim, parece até simples e eu acreditei.
O problema é que a SOP não sabia que a gente tava vivendo uma pandemia. Risos.
Deixei o anticoncepcional de lado e tentei começar dietas e a academia pra melhorar. Nada. Já faz mais de seis meses que comecei a ter constância, mas minha pele ainda grita com espinha.
É claro que nesse processo eu me senti feia, não quis sair de casa, agradeci ao uso das máscaras pra esconder a acne. Também me senti bonita, aprendi a olhar no espelho e entender que são só marcas. Mas são mais baixos que altos.
Inclusive, precisei me desnudar da vergonha pra publicar aqui fotos que mostro a um grupo pequeno de pessoas.
O pior também são as dores. Algumas espinhas, especialmente as da região da mandíbula, inflamam tanto que não é possível nem encostar o rosto no travesseiro, fora a coceira. E os inúmeros comentários que tenho que ouvir “tu tá cheia de espinha”, como se eu não tivesse espelho em casa.
Ouço um monte de fórmula mágica, prescrição de remédio, tratamento caseiro. “Funcionou com fulano, por que tu não tenta?”. Como se eu já não tivesse recorrido a antibióticos, ácidos, vitaminas, máscaras faciais, terapia...
E foram nessas tentativas que eu criei o gosto de manter uma rotina de skincare. Neste espaço, às segundas-feiras, a gente se encontra aqui pra falar de beleza, estética, minhas experiências habitando essa pele, maquiagem, unhas, cabelo e muito mais. Então, senta, aproveita pra ler fazendo aquela máscara facial, combinado?
Ah, e se você, assim como eu tem passado por um problema de pele e sofrido com as inseguranças do processo, me manda um e-mail pra gente compartilhar as experiências. Lembre-se: a gente nunca tá sozinho! Até mais!
* Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.