Especialista explica como criar bases de maquiagem com a colorimetria

Estudo das cores permite a criação de uma infinidade de tonalidades e até do tom exato da pele

Legenda: Teoria das cores permite criar diversos tons de produtos de maquiagem
Foto: Reprodução/Embla Wígum

Quem nunca misturou tintas guache na infância para obter novas cores? Muitas blogueiras estão viralizando nas redes sociais com vídeos em que ‘criam’ a própria base com sombras líquidas ou corretivos coloridos. Essa alquimia parece até mágica, mas é a mais pura teoria do estudo das cores, também chamada de colorimetria

A partir dessas misturas, é possível ainda camuflar manchas de melasma ou olheiras, por exemplo, e corrigir os tons e subtons de base. Além disso, dá para harmonizar cores de sombra, batom e acessórios individualmente.  

A maquiadora e especialista em colorimetria, Priscila Lima, explica que na maquiagem esse estudo é mais voltado para a percepção visual. “A ideia é treinar o olhar pra enxergar a cor que reflete na pele, porque essa coisa de você ver a cor é algo muito relativo. Tem pessoas que enxergam mais cor do que o outro”.  

De acordo com Priscila, esses conhecimentos favorecem bastante aqueles que desejam obter um aspecto mais natural da maquiagem, já que, com a manipulação correta da mistura de cores, é possível reproduzir um tom exato de pele.  

“É possível fazer um ajuste de cor de forma mais assertiva sem precisar de várias camadas de produto para camuflar algo. Nosso rosto tem variações de tom em algumas áreas, com as misturas dá pra chegar numa uniformização mais natural”.  

Veja também

Limitação do mercado  

Embora essa técnica instigue a criatividade e permita uma infinidade de combinações, é importante destacar que ela se faz necessária pois ainda não há no mercado nacional uma ampla cartela de cores de bases que atenda ao público. Ter de comprar dois produtos para misturar e atingir o tom, como acontece com frequência com pessoas de pele muito clara e escura, é absurdo. 

Em 2020, a jornalista de beleza Bruna Tavares lançou, pela sua marca homônima, a primeira base nacional com 30 cores de tonalidades e subtons, e ainda é a única com essa quantidade tonalidades num produto.  

Deixo aqui como sugestão os vídeos e conteúdos produzidos pelo jornalista e maquiador Tássio Santos, criador do canal do YouTube Herdeira da Beleza. Nele, Tássio reflete sobre o racismo no mercado de beleza por meio do quadro ‘O Tom Mais Escuro’, em que testa os tons mais escuros de marcas distintas na modelo Joyce Lima que tem pele retinta.  

Como fazer?  

Priscila afirma que é possível fazer essa técnica em casa, mas é preciso conhecimento e treinamento até chegar nas proporções corretas. A mistura do azul, vermelho e amarelo, ou seja, as cores primárias, resulta no marrom, mas que é variável dependendo da quantidade de cada pigmento utilizada.  

"Pode ser mais acinzentado quando predominar o azul, mais avermelhado quando predominar o vermelho ou alaranjado quando predominar o vermelho com amarelo, então é possível criar uma infinidade de subtons quando adiciona o pigmento”.  
Priscila Lima
maquiadora

A vantagem é não perder nenhum produto comprado no tom ou subtom errado. Além disso, dá para criar cores de blush desejadas, de contorno, de batom, de sombra e o que mais se desejar. “Com esse conhecimento você vai comprar o produto de forma mais correta, mais assertiva”. 

Para ‘brincar’ com a técnica, é possível utilizar sombras líquidas coloridas, batons, bases e os mais indicados que são os corretivos coloridos.  

Função dos corretivos coloridos  

De maneira geral, cada cor de corretivo tem uma função na camuflagem de manchas, porém é preciso entender que existem variações, pois os tons podem ser mais quentes ou frios.  

  • Verde: para manchas avermelhadas, como espinhas e vasinhos  
  • Lilás: para manchas marrons e amarelo-alaranjadas, como sardas  
  • Salmão: para manchas azuladas, como olheiras  
  • Amarelo: para manchas arroxeadas, como hematomas  

Tons e subtons  

Conforme Priscila, o tom se refere à escala tonal, se uma base é clara ou escura. Já o subtom se refere à cor matiz que reflete da pele, se é uma tonalidade amarelada, esverdeada ou rosada. Há ainda a temperatura que se refere a se uma cor é quente ou fria na pele. 

Para descobrir o subtom, a dica é analisar a pele com um espelho de frente para a luz natural, que reflete de forma mais fiel o verdadeiro tom. Veja as variações de cores e se consegue verificar reflexos amarelados, arroxeados, rosados, azulados, etc.  

Outro método bastante utilizado são os quatro subtons: quente, frio, neutro e oliva. Grosso modo, quente é quando a pele é mais amarelada/avermelhada; frio quando é mais rosada/azulada; neutro é um equilíbrio entre azul, vermelho e amarelo; e oliva tem um aspecto esverdeado.  

  • Pele fria: quando pega sol, a pele fica vermelha; fica melhor com acessórios pratas; tem veias aparentes mais azuis e roxas.  
  • Pele quente: quando pega sol, a pele fica bronzeada; fica melhor com acessórios dourados; tem veias aparentes mais verdes ou amarronzadas.  
  • Pele neutra: não bronzeia nem fica vermelha, quando toma sol; fica bem com acessórios pratas e dourados; tem veias aparentes tanto verdes quanto azuis.