O que Rita de Cássia pensava sobre o gênero musical sertanejo?

Cantora ainda apontou ausência de eventos e parcerias no forró

Legenda: Cantora cearense faleceu durante tratamento de fibrose pulmonar
Foto: Nah Jereissati/SVM

morte da cantora e compositora Rita de Cássia repercutiu nacionalmente e trouxe os holofotes da música para o mundo da composição nordestina. Nos últimos dias, uma pergunta que surgiu na minha cabeça foi sobre o que ela pensava do gênero musical sertanejo.

Após assistir entrevistas antigas que fiz com a forrozeira, encontrei a resposta. Em 20 de abril de 2018, conversei com Rita de Cássia no apartamento dela, em Fortaleza (CE). Em uma das perguntas, ela destacou: "Essa união dos sertanejos... eles têm uma organização muito grande, né? As empresas deles são muito organizadas e aqui, no forró, se caminha só".

Assista depoimento de Rita de Cássia sobre a música sertaneja:

Em entrevista, a cantora ressaltou que no forró os artistas e empresários se isolam. Enquanto no sertanejo, investem em parcerias musicais e até em grandes produções audiovisuais. 

Eu vejo muito que as produtoras daqui caminham muito só. É cada uma querendo divulgar seus artistas e se fecham ali, entendeu? E o sertanejo não, eles já abrem esse leque, né? Se juntam a outros artistas, gravam DVD, já convidam fulano e sicrano, e assim vai
Rita de Cássia
Cantora e Compositora - Entrevista concedida à coluna, em 20 de abril de 2018

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Ainda no bate-papo, Rita de Cássia falou sobre o que falta ao gênero nordestino para ascender como o sertanejo. "O que tá precisando no forró e que as produtoras se unam mais". 

A cearense destacou ainda a ganância das empresas de eventos pelo lucro. 

Quando se pensa muito só no lucro, as pessoas, infelizmente, vivem só do lucro, mas até compreendo. Infelizmente, as pessoas dão prioridade a isso. Acho que por conta disso, se procura mais o que mais faz sucesso, o que dá mais dinheiro, e tal, e se fecham. O que é lamentável
Rita de Cássia
Cantora e compositora

Na conversa, a cantora ainda frisou a ausência de um grande festival de forró com artistas de diferentes produtoras. 

"Acho que se de um certo modo implantasse alguma coisa, principalmente aqui em Fortaleza, que criasse alguma coisa fixa do forró: 'mês tal, vai ter o festival, ou seja, lá das antigas ou forró', que as pessoas soubessem que aquele mês fosse certo para ir, como tem o Fortal, que é o carnaval fora de época, se firmasse isso no forró também daria certo. Mas não sou eu que posso responder pelos empresários", destacou Rita de Cássia.