Qual o destino políticos dos governadores do Nordeste em 2022
Os governadores de Ceará, Maranhão e Piauí têm avançado em entrar na disputa pelo Senado
A dois meses do prazo em que governadores devem renunciar às respectivas funções caso pretendam concorrer a cargo diferente em 2022, o destino eleitoral dos atuais chefes do Executivo no Nordeste começa a se delinear.
Dos nove governadores, dois são candidatos à reeleição, quatro já têm pré-candidaturas sinalizadas a senador e três vivem impasses nas alianças políticas e devem encerrar mandatos em dezembro, apesar de favoritismo ao Senado em seus redutos eleitorais.
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Na última semana, movimentos reforçaram a indicação de pelo menos três governadores ao Senado. No Ceará, o PT anunciou o nome de Camilo Santana como pré-candidato a senador pelo partido.
No Maranhão, o governador Flávio Dino (PSB) confirmou ser pré-candidato também ao Senado. Uma nota assinada por partidos aliados, como PT, PSB, Pros e PSDB, anunciou o nome de Dino para o cargo e o do vice, Carlos Brandão, para disputar o Governo. Brandão está de saída do PSDB e deve se filiar ao PSB para a disputa.
Além deles, deve tentar voltar ao Senado o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que foi eleito senador em 2010. No último dia 1º, durante a abertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa do Piauí, Dias confirmou que deixa o Governo no dia 31 de março. Quem assume a gestão é a vice, Regina Sousa.
A pré-candidatura de fato ao Senado, no entanto, ainda não foi formalizada e, segundo a assessoria do governador, ainda está em tratativa.
No final de janeiro, ele esteve reunido com o ex-presidente Lula em São Paulo para discutir estratégias eleitorais na região, inclusive a federação com partidos como PSB, PCdoB e PV.
"Em São Paulo encontrei o ex-presidente Lula em agenda sobre a conjuntura nacional. Sempre um prazer rever esse querido amigo e líder. Seguimos juntos trabalhando pelo melhor para o Brasil", disse Dias, nas redes sociais.
Impasses em alianças
Outro governador que encerra o mandato em 2022 e tem sido cotado para o Senado é Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco. Os impasses em torno da sucessão do Governo e da federação entre partidos da esquerda, no entanto, têm pressionado a decisão sobre quem deve disputar o cargo pela base governista.
Na quinta-feira (3), Câmara teve encontro com o ex-presidente Lula (PT) em São Paulo para definir a estratégia do grupo no Estado. A decisão sobre o Senado deve acontecer após resolução da disputa pelo indicado ao Governo. A previsão é de que Câmara anuncie um sucessor para a disputa na próxima semana.
Outro governador nordestino que esteve com o ex-presidente nos últimos dias foi o de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD). As indefinições sobre o nome que vai disputar a vaga no Executivo e a disputa acirrada entre partidos aliados pelo Senado devem deixar Belivaldo fora da disputa, ficando no governo até o fim do mandato.
Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) também é favorito ao Senado, mas deve declinar da candidatura em prol da aliança com o PSD no Estado, que já disse não abrir mão da vaga do Senado. A expectativa é de que o senador Otto Alencar (PSD) dispute a reeleição, e Costa permaneça no Governo até o fim do mandato.
Pai e filho de olho no Senado
Outro favorito está em Alagoas, o governador Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros (MDB). Os impasses na estratégia do emedebista, contudo, diferem dos demais líderes do Executivo na região.
Para disputar o Senado, Renan Filho tem de deixar o cargo até o início de abril. Ele, no entanto, não tem um vice para assumir o cargo, já que seu sucessor natural, Luciano Barbosa, foi eleito prefeito da cidade de Arapiraca em 2020. Desse modo, o primeiro na linha de sucessão é o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (SD).
O problema para os Calheiros é que Marcelo é ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), um dos principais adversários de Renan Calheiros no Congresso Nacional, principalmente em relação à aliança com o governo federal.
Nesse caso, o mandato do presidente da Assembleia seria transitório, pois a Constituição estadual prevê a realização de eleição suplementar para eleição de novo governador até o fim do mandato. O destino da gestão, portanto, foge do controle absoluto do atual governo, o que pesa em ano eleitoral.
Além do impasse na sucessão do governo, há ainda o interesse do senador Fernando Collor de Mello (Pros) de disputar nova reeleição. O ex-presidente é senador da República há 15 anos.
Na segunda-feira (31), Renan Filho e Renan Calheiros estiveram com Lula, em São Paulo, para defender aliança nacional do MDB com o ex-presidente, "caso o partido não tenha candidatura viável", disse o governador alagoano. O MDB já lançou a senadora Simone Tebet como pré-candidata a presidente. O PT não é derrotado em Alagoas desde 2002, e a presença de Lula como cabo eleitoral na região pode pesar nos planos dos emedebistas.
Reeleição
Apenas dois governadores nordestinos devem disputar reeleição ao cargo. No Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), disputa a reeleição, ainda em articulação de alianças. O PDT deve indicar o candidato ao Senado na chapa, e o MDB o vice.
Na Paraíba, João Azevêdo rompeu com o PSB no ano passado e se filiou ao Cidadania. Na disputa pela reeleição, tenta apoio do PT e já declarou apoio a Lula. Além dele, há pelo menos outros cinco pré-candidatos ao governo.