O ano era 2020 e ainda nem se imaginava que o mundo passaria por uma pandemia, quando o então presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT) previa que a sede do Poder Legislativo deixaria o bairro Patriolino Ribeiro rumo ao Centro da Capital até 2022.
Em janeiro daquele ano, Antônio Henrique, hoje deputado estadual eleito, apresentava os detalhes do projeto da nova sede, com a projeção de como seria o novo plenário e a fachada do prédio histórico recuperado.
Pouco antes, o então governador Camilo Santana (PT) havia assinado o termo que transferia e garantia o uso do edifício do antigo Lord Hotel para a Prefeitura por 25 anos. Era uma das etapas importantes para a efetivação da proposta.
Meses depois, a pandemia da Covid-19 mudou muitos planos, inclusive esse. Três anos depois, não há perspectiva de mudança, ainda que seja um foco do Legislativo aproximar a rotina da população e colaborar com a revitalização do Centro.
Em entrevista ao Sistema Verdes Mares nesta terça-feira (31), o novo presidente do Legislativo municipal, vereador Gardel Rolim, falou sobre a antiga proposta.
"Pretendo primeiro levar para os colegas vereadores para que possamos refletir e, depois disso, levar para outros seguimentos da cidade a quem importa muito a revitalização do Centro. Eu sou muito simpático à tese. Obviamente que tem que se discutir os termos dessa tese. O espaço que havia sido ofertado à Câmara Municipal há três, quatro anos atrás, eu não sei se ainda está disponível. Era um projeto muito caro, que era restaurar o antigo Lord Hotel, além de ter que ser feita uma desapropriação de uma outra área para construir o espaço que a Câmara precisa. Sou favorável à ideia, é importante para a Câmara estar no Centro, para que as pessoas possam ter proximidade com o parlamento, mas precisamos discutir a melhor forma, a melhor maneira de fazer isso. Sinceramente eu não tenho certeza que revitalizar o Lord Hotel é uma boa ideia por conta do custo muito alto", ressalta Rolim.
O Lord Hotel
O Lord Hotel foi fundado em 1956, pela família Philomeno Gomes, num prédio de 8 andares, com cerca de 120 apartamentos e, por isso, é considerado um exemplar da arquitetura moderna cearense. Logo tornou-se um dos melhores hotéis da Capital e hospedou personalidades e artistas ilustres, nas décadas de 1960 e 1970.
Em 1992, foi desativado, transformando-se em residência-hotel. Ele chegou a ser usado como pousada e abrigou lojas comerciais e condomínio de apartamentos.
No início da década de 2000, com o avanço das obras do metrô de Fortaleza, cogitou-se demolir o imóvel. Em 2001, foi desapropriado pelo Governo do Estado e, em 2006, teve início o processo de tombamento pela Prefeitura.
Em dezembro de 2019, o projeto arquitetônico para a reforma que daria lugar à Câmara foi aprovado pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic).