Áudio polêmico da CPI que investiga motim de PMs de 2020 foi entregue à Pefoce nesta semana

Gravação de suposta tentativa de tráfico de influência por parte de associação de PMs foi exibida há duas semanas na CPI

Legenda: Depoimento do presidente da APS, Cleyber Araújo, à CPI das Associações no último 7 de junho
Foto: Vanessa Nogueira / AL-CE

A gravação de uma suposta tratativa para beneficiar judicialmente uma associação de PMs durante o motim de 2020 no Ceará, apresentada pelo relator da CPI das Associações Militares, deputado Elmano Freitas (PT), há duas semanas, só chegou às mãos da Perícia Forense do Estado (Pefoce) na segunda-feira (20).

Em nota, a Pefoce afirma que "recebeu, nessa segunda-feira (20), uma mídia de áudio associado a uma suposta tratativa referente a tráfico de influência relacionado ao motim da Policia Militar do Ceará (PMCE) ocorrido em 2020. A mídia foi encaminhada pelo deputado Salmito Filho, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que apura o caso".

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Ainda não há prazo para conclusão dos trabalhos. "O material  está em análise no laboratório de perícias em áudio e vídeo do Núcleo de Perícia Tecnológica e Apoio Técnico (NPTAT) da Pefoce. Após concluídas as análises, o laudo técnico será encaminhado à autoridade requisitante", continua a nota.

O áudio, que causou polêmica durante a sessão da Comissão, promete ser uma das peças-chaves dos parlamentares que investigam a possível atuação de associações no motim de policiais e bombeiros militares em fevereiro de 2020.

O áudio

Pelo material apresentado na sessão do dia 7 de junho, é possível ouvir tratativas sobre uma suposta negociação para que a Associação dos Profissionais de Segurança (APS) consiga liminar para liberação de recursos para a entidade - na época bloqueados por decreto do governo estadual. 

"Foram pagamentos com a tentativa de praticar um tráfico de influência para conseguir uma liminar que correspondia a dois meses de não recebimento do consignado", afirmou Freitas na ocasião. O valor negociado seria em torno de R$ 400 mil.

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Em depoimento anterior, o presidente da APS, Cleyber Araújo, já havia sido questionado a respeito de contrato com empresa de advocacia no mesmo valor. A contratação seria referente, segundo o depoente, ao processo para tentar liberar a transferência de consignados dos associados da entidade. 

Elmano tentou indagar Cleyber Araújo se o homem que aparece falando no áudio seria ele, mas o militar foi orientado pelo advogado de defesa, Régis Menezes, a não se manifestar sobre a gravação. "Iremos apresentar requerimento para saber qual a legitimidade e licitude dessa prova apresentada pelo relator", acrescentou o advogado. 

Reta final

No fim de maio, a CPI foi adiada por mais 120 dias. Esse é o segundo adiamento dos trabalhos. A expectativa dos parlamentares, no entanto, é de que a comissão esteja na reta final, esperando o procedimento de averiguação do áudio para posterior conclusão do relatório.

O relator da CPI, Elmano Freitas, tem afirmado que "haverá indiciados por crimes".