Instalada em agosto do ano passado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Associações Militares, que tramita na Assembleia Legislativa, deverá ter uma conclusão em breve e o relatório terá forte crítica e indiciamento de pessoas pelo possível cometimento de crimes. A informação preliminar é do relator da CPI, deputado Elmano de Freitas (PT), para quem há elementos que apontam para isso no que foi colhido até aqui.
A CPI foi criada para investigar o possível envolvimento de Associações que representam policiais militares ao motim ocorrido em fevereiro de 2020 no Estado. A suspeita é de que entidades tenham atuado com características sindicais, o que é contra a lei. Nos bastidores, as conversas apontam que algumas tenham até mesmo financiado os atos criminosos ocorrido no período, com base na quebra de sigilo bancário.
Diante do embate, que envolve o grupo governista e os opositores, não demorou para a Comissão ser acusada de ter componente eleitoral por envolver entidades cujas lideranças são ligadas à oposição no Estado. O relator, entretanto, diz que condutas de algumas pessoas e instituições sugerem crimes que ele vai apontar e detalhar.
Os trabalhos da comissão estão pressionados pelo início do período eleitoral, cujo calendário começa a contar no fim de julho. Portanto, a comissão deverá ter, cerca de mais um mês.
Após a apresentação, o relatório é votado na comissão. Caso seja aprovado, o relatório é encaminhado aos órgãos competentes para avaliação de possível denúncia formal à Justiça, papel que cabe ao Ministério Público.
“Pelo que vimos, analisamos... foi um trabalho muito profundo, recebemos muito material e tivemos condição de ouvir os envolvidos. Temos muita coisa e, sem dúvida, deveremos ter indiciados”, disse o relator em contato com esta coluna.
Embates na comissão
Na sessão da última terça-feira (7), Elmano de Freitas se envolveu em um bate-boca com o deputado Delegado Cavalcante (PL). Na reunião, foi exibido um áudio atribuído ao presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Cleyber Araújo, em supostamente tentaria influenciar na tramitação de um processo na Justiça, que configuraria “tráfico de influência”. Cleyber não se manifestou sobre o conteúdo.
A APS é uma das associações ligadas a membros da oposição como o deputado federal Capitão Wagner, que é pré-candidato ao governo do Estado.
As conclusões do trabalho, que ainda não são reveladas pelo relator, podem ser novo episódio de confronto entre base e oposição.