O Grupo Mateus demorou a colocar o Ceará na sua estratégia de expansão, mas quando o Estado entrou na rota, foi com planos robustos. E esse planejamento parece seguir em franca continuidade: após inaugurar o 13º estabelecimento em solo alencarino, já estão nos planos de 10 a 12 unidades para os próximos cinco anos.
Com forte atuação no varejo e no atacarejo alimentício sob as bandeiras Mix Mateus, Mateus Supermercados e Hiper Mateus, a presença do grupo no Ceará não se limitará a essas. Isso porque o grupo também deve atuar em breve no Estado com sua bandeira de eletros (Eletro Mateus) e Armazzém, marca de lojas de minimercados da companhia (conveniências para postos, condomínios e outros).
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As primeiras lojas do Grupo Mateus no Ceará foram inauguradas em 2021, nas cidades de Tianguá e Sobral. De lá para cá, outras cidades foram recebendo as bandeiras da companhia maranhense até a chegada em Fortaleza, no ano passado, com a loja da Avenida Senador Fernandes Távora, no Bairro Henrique Jorge.
Na Região Metropolitana, cidades como Maranguape e, mais recentemente, Caucaia, também contam com a bandeira. Dentre as novidades do Mateus para Fortaleza estão o Mix Mateus José Walter, com inauguração prevista para setembro deste ano, conforme apurou com exclusividade o repórter de Negócios do Diário do Nordeste, Luciano Rodrigues, bem como o início das obras no Hiper Mateus que ficará na Avenida Barão de Studart, no espaço deixado pelo Carrefour. O grupo estuda ainda uma unidade na Avenida Bezerra de Menezes.
Para o professor, consultor de empresas e coordenador de Marketing e Comercial do Fortaleza Basquete Cearense, Christian Avesque, o Grupo Mateus construiu uma estratégia de formar uma malha em mesorregiões do interior cearense. “Nós temos algumas cidades como Sobral, Aracati e Crateús que contam com cidades menores orbitando elas”.
“Então o que as grandes empresas fazem e o Grupo Mateus fez? Na Região Metropolitana de Fortaleza há uma concentração muito grande de varejistas. Nas mesorregiões, porém, há pequenos comerciantes ou médios que não são tão estruturados e não possuem um poder de barganha tão alto”, ressalta Avesque.
Assim, quando uma empresa do porte do Grupo Mateus chega na região, acaba se transformando em um centro de abastecimento com preços muito competitivos e mix diversificado. “Algo que os pequenos e médios comerciantes acabam não conseguindo por não terem uma capacidade financeira tão grande”.
Instalados nessas mesorregiões, o grupo passa a conhecer melhor o comportamento de compra do consumidor do Estado.
“A partir daquele perfil socioeconômico eles vão expandindo para as áreas onde a competitividade é muito maior, como Fortaleza”. “Eles usam uma estratégia conhecida como flanquear: ao invés de bater de frente com as grandes empresas que já estão aqui em Fortaleza e região metropolitana, vieram chegando pelas laterais”, detalha Avesque.
“Com essa malha nas mesorregiões e na região metropolitana, o grupo tem uma escala de venda maior, rede logística com capacidade de entrega mais rápida e mais eficiente e um mix linear, mais parecido, possibilitando custos menores e uma rentabilidade maior”, enfatiza o consultor.
No início de maio, a companhia fundada pelo maranhense Ilson Mateus reportou em balanço do primeiro trimestre deste ano lucro líquido de R$ 240,4 milhões, um aumento de 0,3% na comparação com igual período de 2023.
No documento, a empresa diz que “apresentou um crescimento significativo”. “Em meio aos desafios tributários enfrentados, como o aumento de impostos ligados à subvenção e do ICMS em alguns estados, o Grupo conseguiu manter seu lucro estável em relação ao ano anterior”.
Com um aumento de 27,3% na receita bruta total, atingindo R$ 8,4 bilhões nos três primeiros meses do ano, a companhia demonstrou uma evolução consistente, impulsionada pela abertura de 23 novas lojas nos últimos 12 meses. Deste montante, 20 são lojas de atacarejo - o grupo aumentou de 62 (1º trimestre de 2023) para 82 lojas (1º trimestre de 2024).
O Ebitda (em português significa lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 24,1% em relação à igual período de 2023 e atingiu R$ 510 milhões, resultado do crescimento de vendas e do avanço da margem bruta.