A prisão do blogueiro bolsonarista e cearense Wellington Macedo mostra, às vésperas da manifestação de 7 de setembro, duas certezas sobre o momento de crise política e institucional pelo qual passa o Brasil.
A primeira é que os aliados do presidente Jair Bolsonaro estão dobrando a aposta no ataque frontal a instituições como o Supremo Tribunal Federal e à incitação de atos violentos contra ministros da Corte.
A segunda é a irredutibilidade do ministro Alexandre de Moraes, que conduz, no STF, as decisões no inquérito que investiga a propagação de notícias falsas. Claramente, Moraes tem apoio dos colegas, inclusive do presidente Luiz Fux, para determinar todos os atos neste caso, inclusive as prisões.
No caso de Macedo, a prisão foi um pedido da Procuradoria Geral da República que investiga a divulgação e propagação de atos antidemocráticos e teve como base a repetição de discursos ameaçadores contra instituições e autoridades.
Neste caso, o pedido da PGR tem um peso maior por conta da reclamação de parte dos apoiadores do presidente de que o STF estaria tomando decisões sem o devido pedido do Ministério Público.
No último dia 20 de agosto, conforme mostrou esta coluna, o blogueiro, que reside em Sobral, foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão pelos mesmos motivos. Logo após as diligências, ele publicou vídeo nas redes sociais em que criticou a decisão de Moraes.
Wellington Macedo disse que o País está vivendo uma "escalada autoritária" e que "pessoas estão sendo perseguidas". Além disso, ele seguiu a convocação para os atos de 7 de setembro.
O seguimento das investigações aponta, agora, que os ataques continuaram e, por isso, foi decretada a prisão.
"O quadro probatório demonstra a atuação dos investigados na divulgação de mensagens, agressões e ameaças contra a democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, na conclusão da Procuradoria- Geral da República", escreveu Moraes na decisão do último dia 20.
Ao dobrar a aposta nas convocações de protestos ameaçadores, o blogueiro e outros aliados do presidente forçam uma situação extrema como a prisão para tentar dar mais combustível aos atos de rua.
Por outro lado, o recado do ministro Moraes é direto: não haverá intimidação.
Enquanto isso, os reais problemas do Brasil como a inflação, a alta dos combustíveis e a crise econômica generalizada que destrói empregos e quebra empresas, seguem sem resposta.