Bolsonarista cearense está entre os alvos da operação da PF por ataques à democracia

O Ministério Público Federal investiga a participação dos envolvidos na propagação de informações falsas e ameaçadoras contra as instituiçoes

Legenda: A página na rede social Instagram do cearense é apontada pelo Ministério Público Federal por fazer divulgação de atos de ameaça às instituições
Foto: Reprodução/redes sociais

O inquérito que cumpre mandados de busca e apreensão em sete estados contra o cantor Sérgio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC/RJ) tem um cearense entre os investigados. 

Trata-se de Wellington Macedo, que, até recentemente, ocupava um cargo no Ministério da Mulher da Família e dos Direitos Humanos, no governo Bolsonaro. 

Em sua conta no Instagram, o cearense se diz "fundador da Marcha da Família Cristã pela Liberdade" e fez postagens em apoio às declarações de cunho ameaçador do cantor Sérgio Reis em relação a uma possível mobilização de caráter autoritário, no dia 7 de setembro, propondo a retirada à força de ministros do STF.  

A pedido do Ministério Público Federal, que investiga o caso, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, classificou as declarações como um ataque ao estado democrático de direito e às instituições da república, na decisão a qual esta coluna teve acesso. 

O ministro determinou o cumprimento de mandados de Busca e Apreensão, inclusive para o cearense, de documentos/bens que se relacionem aos fatos e delitos sob apuração, bem como de celulares, computadores, tablets e quaisquer outros dispositivos eletrônicos, nos endereços residenciais e profissionais dos requeridos.

Esta coluna apurou com fontes no estado de que os mandados foram cumpridos em Sobral, na região Norte do Estado.

Defesa ferrenha

Sem expressão no cenário local, o bolsonarista cearense ganhou espaço entre apoiadores do presidente da República e foi levado a Brasília ao fazer defesas ferrenhas das ideias do presidente, o que lhe valeu até mesmo um cargo no ministério. 

Wellington já foi candidato a vereador em Sobral, na região Norte, mas nunca foi eleito. Ele também já foi aliado dos irmãos Cid e Ciro Gomes no município, de quem virou, posteriormente, adversário político. 

Ministro Alexandre de Moraes, do STF
Legenda: Ministro Alexandre de Moraes conduz as investigações sobre a propagação de 'fake news' por grupos extremistas

"O quadro probatório demonstra a atuação dos investigados na divulgação de mensagens, agressões e ameaças contra a democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, na conclusão da Procuradoria- Geral da República", escreveu Moraes na decisão.

Os envolvidos, de acordo com a decisão de Moraes, serão ouvidos pela Polícia Federal, passam a ser formalmente investigados, e estão impedidos de chegarem a menos de um quilômetro da Praça dos Três Poderes, em Brasília, de ministros do STF e de senadores da República. Além disso, o ministro determinou o bloqueio das contas em redes sociais e a comunicação entre eles.

Resposta

Em um vídeo publicado nas redes sociais, nesta sexta-feira (20), Wellington Macedo diz que o País está vivendo uma "escalada autoritária" e que "pessoas estão sendo perseguidas". "Soube que a Polícia Federal esteve em minha residência , hoje, em Sobral, a minha procura. O Brasil não tem mais segurança jurídica", disse ele.

Macedo fez questão de reforçar a convocação para ir às ruas em 7 de setembro, justamente a  manifestação alvo da investigação da Procuradoria Geral da República e do Supremo Tribunal Federal.