Roberto Cláudio reforça ala de oposição no União Brasil em momento de divisão

Ex-prefeito de Fortaleza se filia em Brasília ao lado de Tasso, Ciro e Valdemar Costa Neto

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
Legenda: Roberto Cláudio é um dos líderes da oposição no Ceará
Foto: Thiago Gadelha

Seis meses após anunciar sua saída do PDT, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio formaliza, nesta quarta-feira (5), em Brasília, sua filiação ao União Brasil (UB). O ato representa um movimento a mais de peça no tabuleiro da oposição para a disputa eleitoral de 2026, depois da filiação de Ciro gomes ao PSDB no mês passado. 

O ex-prefeito chega ao novo partido em um momento de divisão interna no Ceará, reproduzindo aqui as turbulências nacionais na federação União Progressista (UPB), que corre o risco de nem se confirmar. 

Mas qual será o papel de Roberto Cláudio na eleição 2026? Por enquanto, nada de definições. O certo é que ele entra no partido para fortalecer a ala oposicionista ao governador Elmano de Freitas (PT), liderada no estado por Capitão Wagner, atual presidente da sigla.

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Na última campanha ao governo do Estado, em 2022, Roberto foi candidato a governador pelo PDT, mas ficou em terceiro lugar no primeiro turno, vencido por Elmano com o apoio de Camilo Santana. Neste momento, a pouco menos de um ano da disputa, o nome em evidência na oposição é o de Ciro Gomes.  

As definições, entretanto, ficam para o próximo ano.  

De prefeito a possível candidato 

Ex-presidente da Assembleia Legislativa e com duas gestões à frente da Prefeitura de Fortaleza (2013–2020), o médico Roberto Cláudio consolidou-se como uma das principais lideranças políticas do Ceará ao liderar a eleição de José Sarto como seu sucessor na Capital.  

Com cacife para disputar o governo do Estado em 2022, o ex-prefeito foi um dos protagonistas das divergências que levaram ao rompimento entre PDT e PT naquele ano. Derrotado nas urnas, ele passou a ser um dos principais nomes da oposição ao PT. Esse posicionamento se intensificou em maio desde ano, quando ele se desfiliou do PDT. A chegada dele ao União Brasil ficou sob expectativa desde então. 

Oposição quer dar peso ao ato 

O ex-ministro Ciro Gomes e o ex-senador Tasso Jereissati puxam a lista de lideranças de oposição no ato de filiação. Além deles, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o próprio presidente nacional o União Brasil, Antônio Rueda, estão entre os nomes nacionais no ato. 

União, mas nem tanto 

A filiação de Roberto Cláudio, porém, acontece em meio a uma disputa interna aberta. A federação União Progressista, que ainda não teve seu registro oficializado pelo TSE, atravessa um momento delicado de alinhamento político no estado.  

Embora a posição oficial do União Brasil seja de oposição ao governo Elmano, três dos cinco deputados federais da federação no Ceará estão na base do petista. 

O racha ficou evidente na última segunda-feira (3), quando o deputado federal Moses Rodrigues (União Brasil) declarou, em evento público com a presença de Elmano, seu apoio à reeleição do governador.  

Ele afirmou que os também deputados federais Fernanda Pessoa (UB) e AJ Albuquerque (PP) caminharão com Elmano, “independente da posição do partido”. 

Já os deputados Danilo Forte e Dayany Bittencourt mantêm-se na oposição, ao lado de Wagner e, agora, de Roberto Cláudio. 

“Consequências políticas” 

Também na segunda-feira (3), Capitão Wagner afirmou, em entrevista, que os filiados que optarem por apoiar outro projeto político deverão deixar o partido. “Se a Fernanda quiser votar no outro governador que não for o nosso, ela vai ter que procurar outra legenda”, declarou.  

Segundo ele, não se trata de uma ameaça, mas da aplicação da legislação eleitoral, que prevê a possibilidade de perda de mandato por infidelidade partidária.