Presidente do PL, André Fernandes terá desafio de articular alianças e acomodar interesses
Como dirigente partidário, o deputado federal terá papel institucional que será estratégico para a oposição em 2026
A solenidade que marcou a posse do deputado federal André Fernandes na presidência estadual do PL, na segunda-feira (22), em Brasília, representou o início de uma missão complexa para o parlamentar: ajudar na formação de um palanque robusto e viável de oposição no Ceará, tendo como pano de fundo a crise nacional e a incerteza sobre o principal nome que pode puxar essa frente em 2026 no Estado.
Fernandes, que ganhou projeção ao disputar a Prefeitura de Fortaleza em 2024 com desempenho expressivo, passa agora a liderar o maior partido de oposição no Estado. A sigla, mais do que representar um campo ideológico, carrega o capital eleitoral do bolsonarismo, tempo expressivo de rádio e TV, além do protagonismo nacional como antítese do PT. É esse conjunto que torna o PL um ator central na articulação da direita cearense.
O impasse do nome
O nome mais falado para encabeçar uma chapa de oposição ao governador Elmano de Freitas (PT) ainda é o de Ciro Gomes. Apesar de estar no PDT, o ex-ministro deve mudar de partido, caso aceite entrar na disputa ao Governo do Estado. E a relação do grupo dele com o PL será uma jogada decisiva no xadrez da oposição.
Há resistências e desafios a serem superados. A relação entre as partes entrou em um momento de incertezas desde julho, depois de Ciro criticar Bolsonaro e André ter que admitir que o PL teria candidato próprio.
No entanto, o tom mudou. Durante sua posse no comando estadual da legenda, o discurso voltou a flertar com a ideia de unidade da oposição.
Fernandes e todos na oposição sabem que, para ter musculatura eleitoral contra um governador que buscará a reeleição com apoio da máquina estadual e federal, a divisão no campo opositor pode ser fatal.
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Problemas no campo nacional
No plano nacional, o bolsonarismo enfrenta um momento de expectativa. Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar, o que dificulta a articulação direta com os estados e abre um vácuo. A direita se fragmenta entre os que apostam na anistia ao ex-presidente e os que tentam viabilizar novos nomes para 2026, num cenário cada vez mais realista de que Bolsonaro não estará apto para a disputa.
Essa instabilidade reflete no Ceará. Sem a presença direta de Bolsonaro, caberá a figuras como André Fernandes canalizar o capital político do bolsonarismo, ao mesmo tempo em que tenta ampliar o leque de alianças. O desafio é manter a base fiel do ex-presidente mobilizada, enquanto dialoga com atores como Ciro.
União Brasil e a disputa pela hegemonia oposicionista
Outro ponto de tensão está na relação com o União Brasil. Embora oficialmente na oposição, o partido vive um cenário de ambiguidade após a federação com o PP. Parte da legenda atua alinhada à base de apoio de Elmano, o que posterga a possibilidade de formação de uma chapa densa contra o governo.
Os novos desafios de André Fernandes
A posse no comando do PL marca o início de uma fase mais institucionalizada na atuação de André Fernandes. Para além da retórica inflamada que o popularizou nas redes sociais, o parlamentar terá agora a missão de articular alianças, acomodar interesses e construir um caminho viável para a oposição no Ceará.