A mais nova informação que agita o cenário eleitoral cearense - e nacional - põe no olho do furacão o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes e o seu irmão, o senador Cid Gomes, dois líderes do grupo governista no Estado, no momento em que se prepara a sucessão do governador Camilo Santana (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O tamanho da operação, com 14 alvos e 80 agentes federais envolvidos, e o vazamento da decisão em um processo sigiloso para veículos da mídia nacional, transportam o assunto, inevitavelmente, para a arena eleitoral de 2022. Ciro, em postagem nas redes sociais, nega veementemente as acusações e faz duras críticas à operação.
Apesar de já haver notícias de investigações anteriores contra aliados de Cid e Ciro Gomes, esta foi, até o momento, a maior operação da Polícia Federal, contra os líderes do grupo governista local, até por envolver nominalmente o presidenciável e também um senador da República, com cumprimento de mandados em residências dos dois e de advogados próximos, além da quebra de sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático.
A ação dos agentes, autorizada pela Justiça Federal, também indica abrir a temporada de denúncias que devem se intensificar com a aproximação do pleito eleitoral, conforme já ocorreu nas eleições passadas de 2018 e 2020.
Como se trata de fatos levantados em delação premiada em 2016 e 2017 e ocorridos há cerca de uma década - entre 2010 e 2013 - é difícil apontar os rumos que a investigação vai tomar. Até porque os fatos são derivados de uma única delação premiada.
Entretanto, o cenário político não espera a conclusão de investigações e nem a comprovação eventual de culpabilidade. As repercussões são imediatas.
Cenários eleitorais
Os fatos ocorrem em um momento de turbulência para a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República.
A entrada do ex-juiz Sérgio Moro no tabuleiro eleitoral retirou, pelo menos que indicam as pesquisas, a posição de terceiro colocado isolado na corrida presidencial de Ciro. Além disso, o ex-juiz da Lava-jato ocupa um espaço cuja narrativa discursiva, da terceira via, é o mesmo do pré-candidato do PDT.
Do ponto de vista estadual, o momento também é de incertezas em relação a sucessão de Camilo Santana (PT).
A aliança entre petistas e pedetistas, embora seja provável, enfrenta algumas resistências. Além disso, a base aliada de Camilo vem sofrendo com turbulências como a entrada de Jair Bolsonaro no PL e o apoio do PP ao presidente.
Some-se a isso a disputa entre base e oposição estadual pelo comando do partido União Brasil, resultante da fusão entre PSL e DEM.
O ano de 2021 ainda nem terminou e 2022 já chegou com tudo.