O fracasso nacional da segurança pública no Brasil
É preciso coordenação nacional e redefinição de papeis para atender o clamor da população
A operação no policial do Rio de Janeiro que terminou com mais de 120 mortos nesta semana expõe, de forma trágica e incontestável, o colapso da política de segurança pública no Brasil. O número de vidas perdidas, entre civis e agentes de segurança, não pode ser encarado como dano colateral. É, na verdade, a marca de um sistema falido.
Se foi necessário matar tanto para “combater o crime”, é porque falhou a inteligência, a prevenção, a coordenação entre entes federativos. Enfim, falhou o Estado brasileiro.
E o pior: operações como essa não mudam o cenário estrutural da criminalidade. É só olhar para trás: quantas ações semelhantes, com igual grau de letalidade, trouxeram paz ao Rio de Janeiro ou a qualquer outra região do País?
O que permanece, ao contrário, ano após ano, é a ocupação de territórios por facções criminosas, a perda de autoridade do Estado e uma população refém, com medo de sair de casa ou, paradoxalmente, torcendo para que “alguém resolva isso”, mesmo que pela força.
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Falta de segurança é geral
Essa realidade não é um problema localizado. É nacional. Basta olhar o que ocorre no Ceará, na Bahia, em São Paulo, no Amazonas ou no Rio Grande do Norte. Em maior ou menor grau, o crime organizado domina territórios e, até mesmo, a rotina das pessoas.
Essa constatação nos leva a uma conclusão óbvia, mas frequentemente ignorada: o Brasil precisa urgentemente de uma política nacional de segurança pública, orientada pelo governo federal.
Matança é resultado de omissão histórica
A omissão da União no tema é histórica. Há mais de 30 anos, sucessivos presidentes da República se esquivam da responsabilidade, sob o pretexto de que segurança é “atribuição dos estados”. Não dá mais. O tema estará, com certeza, no centro do debate presidencial de 2026, e nenhum candidato viável escapará de apresentar um plano robusto para a área.
O governo Lula, até aqui, tem reconhecido em discursos que a União precisa coordenar políticas públicas de segurança. No entanto, na prática, não foi apresentado ainda um plano claro, concreto e articulado. Num momento em que facções criminosas dominam bairros inteiros, controlam as economias locais e desafiam o Estado de forma aberta, essa ausência de estratégia é preocupante.
Ausência de solução leva população ao erro
A população está saturada e cansada de promessas, enquanto o crime avança. Esse sentimento de abandono, inclusive, alimenta percepções perigosas de que as operações como o Rio são “exitosas”, quando, na verdade, são sintomas de que a falência do sistema chegou ao seu limite.
O tempo da omissão acabou.