Novo comando da Assembleia Legislativa inicia gestão com desafios e alinhamento ao governo

Romeu Aldigueri vai conduzir a Assembleia pelos próximos dois anos, período que vai coincidir com as eleições 2026

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
Legenda: Novo presidente da Assembleia assume neste sábado (1º)
Foto: Alece

A nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Ceará assume, a partir deste sábado (1º), o comando do Legislativo em um período estratégico de dois anos. O grupo liderado pelo deputado Romeu Aldigueri (PDT) estará à frente da Casa até 2026, ano que será marcado por eleições gerais, incluindo a disputa pelo Governo do Estado, em que o atual governador, Elmano de Freitas (PT), deve buscar a reeleição.  

O contexto político favorece o Palácio da Abolição, uma vez que Aldigueri é aliado próximo do governador, ocupou a liderança do governo e sua eleição, após turbulências, acabou sendo uma costura dentro da base governista. 

A governabilidade, portanto, não deve ser um problema para Elmano no Parlamento. A Assembleia Legislativa mantém uma base sólida de apoio ao Executivo e, agora, sob o comando de um ex-líder do governo, a tendência é de continuidade dessa sintonia. Isso não significa, porém, que os desafios internos e externos do Legislativo serão menores. Há pautas relevantes que deverão testar a capacidade de articulação do novo presidente. 

Veja também

Pautas prioritárias no Legislativo 

No primeiro semestre, algumas votações já estão no radar dos deputados. A principal delas envolve o reajuste do piso salarial dos professores estaduais. O governador se comprometeu com o percentual de 6,27% pleiteado pela categoria, mas o projeto precisa do aval da Assembleia.  

Além disso, há uma expectativa de debate mais amplo sobre o reajuste geral dos servidores estaduais. O tema, historicamente sensível, pode gerar pressões de diferentes setores do funcionalismo público. 

Um ponto igualmente sensível diz respeito ao caso de um dos 46 deputados que é alvo de uma investigação do Ministério Público, sobre suposta contratação de servidores fantasmas no gabinete para pagar agiota. No retorno dos trabalhos, o assunto deve voltar à pauta, após os fatos ocorridos em janeiro. 

Agenda do Executivo 

Outro fator relevante é que parte das matérias a serem analisadas no Legislativo virá diretamente do Palácio da Abolição. Ao fim de 2024, Elmano de Freitas promoveu uma mudança significativa em seu secretariado, o que sugere novos rumos administrativos e possíveis medidas que dependerão da aprovação da Assembleia.  

A leitura da mensagem governamental, marcada para a próxima segunda-feira (3), deve trazer um panorama mais claro sobre as prioridades do governo e sobre a relação entre Executivo e Legislativo no novo ciclo.

Os planos de Aldigueri para o Legislativo

Se, por um lado, há uma agenda legislativa ditada pelo Executivo, por outro, o novo presidente da Assembleia já indicou algumas diretrizes que pretende seguir. Em entrevistas recentes, Romeu Aldigueri tem enfatizado o desejo de aproximar a população do Parlamento, destacando a importância de fortalecer a imagem da Casa em um momento em que o Legislativo cearense completa 190 anos. 

Entre as iniciativas previstas está o programa "Ceará de Valores", que pretende valorizar as potencialidades do Estado em diversas áreas. O presidente também manifestou interesse em ampliar os serviços da Casa para o cidadão. 

O desafio da nova gestão será equilibrar esses projetos próprios com as demandas que chegarão do Palácio da Abolição e os interesses dos parlamentares, especialmente em um contexto pré-eleitoral. Com a proximidade da disputa de 2026, a Assembleia tende a ser palco de articulações políticas mais intensas, e caberá a Aldigueri conduzir os trabalhos de forma a garantir a estabilidade da Casa. 

Por ora, a sintonia entre Legislativo e Executivo parece bem ajustada, mas o real teste da nova Mesa Diretora será na condução das pautas mais sensíveis e na capacidade de cumprir a promessa de tornar a Assembleia mais próxima da população.