Na última semana do decreto, alta de casos traz 'lockdown' de volta ao debate não só no Ceará

Legenda: O Hospital Leonardo da Vinci, unidade de saúde destinada ao atendimento de pacientes de Covid-19
Foto: Helene Santos

O governador da Bahia, Rui Costa, anunciou neste domingo (21) um endurecimento do decreto que prevê distanciamento social. O toque de recolher passará a ser das 20h às 5h (antes era de 22h às 5h) e restrição do horário de funcionamento do comércio. Bares e restaurantes, por exemplo, com atendimento presencial só até 18h.

Os números na Bahia são alarmantes e à medida que cresce a ocupação dos leitos de UTI, os governantes baianos vão apertando. Lá, a restrição se deu por conta do percentual atingido de 80% dos leitos de UTI ocupados. Aqui, no Ceará, estamos em situação mais delicada, com 91% de ocupação, segundo a plataforma IntegraSUS.

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Medidas daqui

Um passo atrás da Bahia nas restrições, as medidas em vigor no Ceará preveem toque de recolher de 22h às 5h e funcionamento de bares e restaurantes até 20h. Enquanto isso, os números da Covid-19 são cada vez mais alarmantes e se aproximam, com velocidade, do pior momento da pandemia no ano passado. As regras no Ceará valem até o próximo domingo (28).

Para termos uma ideia, do dia 3 de janeiro e o último dia 13 de fevereiro, as internações por Covid-19 saltaram de 512 para 1.018, praticamente o dobro, a seguir nesta toada, não há estrutura hospitalar que resista. Há uma fila de espera com mais de 60 pessoas aguardando, nas UPAs, por um leito de UTI.

Mais estados

Esta semana que se inicia, portanto, será de intensa pressão e expectativas sobre as novas medidas a serem adotadas a partir de março porque, não há dúvidas, os números vão continuar crescendo. Há uma preocupação enorme das autoridades de Saúde com o crescimento acentuado de casos graves, com necessidade de UTIs, não só no Ceará e na Bahia, como em vários outros estados do Brasil, como o Rio Grande do Sul. No fim de semana, o governador Eduardo Leite anunciou medidas duras e pediu à população que reduza a circulação e cumpra as medidas de distanciamento.

Novo decreto

Na última semana, as medidas restritivas adotadas pelo governador Camilo Santana deram uma clara conotação de que houve esforço para atingir menos a atividade econômica tão prejudicada pelo agravamento da situação, desde o ano passado, com idas e vindas. A expectativa agora é para saber quais serão os próximos passos.

Os especialistas em Saúde têm defendido – não só aqui no Ceará – medidas mais rígidas como um lockdown, entretanto, não há condições objetivas para isso.

Péssimo cenário

As notícias de Brasília, para o momento, não são boas. Atrasado na vacinação, o Governo Federal tenta correr atrás do prejuízo, mas de forma atabalhoada. O presidente Bolsonaro não demonstra qualquer preocupação com a situação, pelos atos de aglomeração que gera corriqueiramente. E o Congresso Nacional foca energias em um embate com o STF por conta da prisão de um parlamentar que parece não valer nem a palavra que profere.

Enquanto isso, uma fila de assuntos, como o auxílio emergencial, espera. E olhe que nem chegamos ao reflexo das aglomerações do carnaval, que serão, pelos cálculos, ao fim desta semana. Triste Brasil.