Guerra de bastidores no grupo governista evidencia embate entre PT e PDT sobre sucessão estadual

Apoiadores de Izolda Cela e Roberto Cláudio começam a tornar públicos posicionamentos que geram dificuldade de controle para o comando do grupo governista

Legenda: Disputa entre lideranças políticas ligadas a PT e PDT devem ganhar contornos cada vez mais públicos nos próximos meses
Foto: José Leomar/AL-CE

O alto comando do grupo governista cearense tem tentado dar um tom de “unidade” entre as pré-candidaturas do PDT ao governo do Estado, mas nos bastidores, a disputa tem tom de enfrentamento e envolve, claramente, uma disputa velada entre o partido e o PT, de Camilo Santana. Até o momento, há dois grupos que se destacam: os apoiadores da governadora Izolda Cela e os do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, com declarações públicas até contundentes.

Entre os pré-candidatos, lista que inclui ainda o deputado federal Mauro Filho e o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, o clima pode ser cordial, mas nas bases, o enfrentamento vai ganhando conotações públicas.

O comando do grupo terá dificuldade de acomodar os interesses e acalmar os ânimos até a definição da candidatura, que deve ocorrer apenas no fim de julho. 

Os episódios que se sucedem desde o início de março movimentam o noticiário e revelam o enfrentamento, que deve ganhar força com o passar dos meses. O primeiro movimento, antecipado por este jornal, foi o anúncio do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), de preferência pelo nome do do seu antecessor na disputa ao governo.

Horas depois, o então governador Camilo Santana, veio a público dizer que a declaração de Sarto seria apenas uma “visão pessoal” sobre o assunto. E que a definição só iria ocorrer no momento oportuno.

Até Cid Gomes e André Figueiredo, no dia seguinte, trataram de colocar panos mornos na questão, minimizando a declaração de Sarto.

Posição do PT

O movimento de Sarto foi seguido de uma mobilização, que já ocorre nos bastidores, de figuras públicas petistas, de cortesias à Izolda Cela.

Claramente, a governadora é a preferida de boa parte das lideranças do Partido. Tanto que o movimento inicial de candidatura própria se converteu em sinalizações públicas de apoio a ela.

Após o ex-presidente Lula não estimular candidatura própria e delegar a Camilo a formação da aliança local, houve uma certa migração para a tese do nome de Izolda. Até mesmo Camilo Santana, antes de deixar o cargo, deu sinais de uma certa preferência pelo nome de sua sucessora.

Nos últimos dias a temperatura subiu. Na mídia nacional, em entrevista ao Jornal Valor Econômico, o deputado federal José Guimarães repetiu o que tem sido dito aqui no Estado: o PT deseja aliança, mas quer discutir os nomes. A forma de abordagem, entretanto, incomodou os pedetistas.

A resposta imediata veio do vice-presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, vereador Adail Júnior. Nas redes sociais, o parlamentar reforçou a preferência pelo nome de Roberto Cláudio e chegou a insinuar que Izolda teria “sangue petista”.

Atos públicos

Concomitante a isso, um evento comandado pela governadora ao lado do prefeito Sarto no último sábado no Conjunto Palmeiras, contou com a presença de lideranças petistas como os deputados Elmano de Freitas, Acrísio Sena, Júlio César Filho, da vereadora Larissa Gaspar e da pré-candidata a deputada federal e assessora pessoal de Camilo Santana, Janaína Farias.

Para completar o caldeirão de especulações, a contratação de uma pesquisa de opinião a ser divulgada nos próximos dias sobre o cenário de intenções de voto no Estado gerou burburinho. E ainda faltam três meses para a definição da candidatura ao governo.