A senadora Simone Tebet (MDB), lançada como pré-candidata do partido à Presidência da República, enfrenta dificuldades para se tornar competitiva. Embora seja um nome com qualidades e potencial de crescimento, as barreiras que enfrenta são consideráveis e difíceis de serem contornadas. Tebet não tem apoio dos maiores caciques do seu partido, não cresce nas pesquisas e é pouco conhecida pelos brasileiros.
O pouco tempo para campanha eleitoral é mais um elemento a dificultar a pretensão dela. Mas há um cearense no caminho. Ou mais de um.
O cenário no Ceará, por sinal, é um recorte interessante para analisar a pré-candidatura da senadora pelo Mato Grosso do Sul. Em terras alencarinas, Tebet não conta com o apoio do seu partido. Liderado pelo ex-senador Eunício Oliveira, o MDB já disse que apoiará a candidatura do ex-presidente Lula (PT). Assim será também em Alagoas e outros estados.
Quem se encaminha para ser o maior cabo eleitoral de Tebet no Estado é o senador Tasso Jereissati, cujo partido, PSDB, já anunciou que quer apoiar o nome da senadora na disputa presidencial. Tasso é cotado, inclusive, para ser seu candidato a vice.
Até nisso, há senões. Tasso se reaproximou de Ciro Gomes (PDT) e do grupo governista local. O tucanato voltou, inclusive, à base após a eleição municipal de 2020 com apoio formal a José Sarto na Capital.
Além do mais, não me parece lógico, mesmo na política, que o partido, após abrir mão de uma candidatura do então governador do maior Estado do País, caso de João Dória, esteja entusiasmado em apoiar a postulação de Tebet com as dificuldades que estão demonstradas.
Aproximação com Ciro
No noticiário nacional, após os resultados da última pesquisa Datafolha, em que a senadora caiu de 2% de intenção de votos para 1%, o que cresceu foi a pressão para indicação de Tasso para seu vice. Interlocutores do tucano cearense reconhecem, entretanto, que ela teria que dar uma repaginada na candidatura para ser notada no pouco tempo que falta para a eleição.
Tasso aproximaria Simone do mercado e de nomes da chamada "terceira via" como Ciro Gomes.
Sem dúvida, Tasso é sim um elo entre Simone Tebet e Ciro Gomes. O pedetista tem rejeitado se aproximar de nomes postos na corrida eleitoral, mas já declarou que com a emedebista conversaria.
Entretanto, penso ser remota a possibilidade de Ciro desistir de disputar o Palácio do Planalto em prol de Tebet. Mas o contrário, é possível? Seria possível, por exemplo, uma chapa Ciro/Tebet com apoio de MDB e PSDB e aval de Tasso?
A costura daria robustez à uma candidatura alternativa à polarização entre Bolsonaro e Lula. Entretanto, a complexidade das articulações exige cautela na análise.