Apenas um governador dos últimos 20 anos não esteve no evento de expansão do Pecém

Lúcio Alcântara, que governou o Estado entre 2003 e 2006 e, quando senador, deu nome ao terminal do Porto, não foi convidado. Estado reconheceu a "falha"

Legenda: Lúcio Alcântara governou o Ceará entre 2003 e 2006. Hoje, ele está politicamente alinhado à oposição
Foto: Kleber A. Gonçalves

O evento de entrega da expansão do Porto do Pecém, obra com investimento público superior a R$ 700 milhões, reuniu quatro governadores desde a década de 1980: Tasso Jereissati (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Cid Gomes (PDT) e Camilo Santana (PT). Apenas um gestor estadual do período não compareceu: Lúcio Alcântara (2003-2006). 

No ato, todos os governadores fizeram questão de exaltar a continuidade das políticas “de Estado” que perpassam os governos e são continuadas, independente do partido a ocupar o centro do poder. É o caso do Porto do Pecém, construído há 20 anos na gestão Tasso e que se tornou um dos principais equipamento da estratégia econômica do Estado. 

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Mas afinal, por que Lúcio Alcântara esteve ausente? A coluna conversou com o ex-governador. Segundo ele, não houve convite para a solenidade.

“Eu tenho muito serviço prestado pelo Porto do Pecém. Quando fui senador, a nomeação de Mário Covas fui eu que dei, além de intervenções no meu governo”. 
Lúcio Alcântara
Ex-governador do Estado

“Estou até surpreso, pois o governador Camilo sempre me convida para os atos, e eu compareço. Temos uma convivência muito cordial, por sinal”, disse, ao relembrar a recente reinauguração da Biblioteca Pública Menezes Pimentel, em que estiveram juntos. 

“Não vou me aventurar a comentar sobre o motivo. Não vou fazer qualquer julgamento”, diz o ex-governador que, politicamente, é alinhado com a oposição a Camilo Santana.

Explicação do Estado

Por meio de sua assessoria, o Governo do Estado reconheceu, em nota à Coluna, que houve uma "falha no cerimonial", que resultou no episódio em que o ex-governador Lúcio Alcântara acabou não recebendo o convite formal para a solenidade. Informa ainda que mantém boa relação com o ex-governador que, com frequência, é convidado para as solenidades do Estado.

No próximo mês, inclusive, haverá a primeira reunião do Conselho de Governadores, criado no governo Camilo Santana, e que o ex-gestor, evidentemente, será convidado.

Contexto político

Lúcio Alcântara, além de governador e senador, foi prefeito de Fortaleza, deputado federal e vice-governador do Estado. Para este último cargo, foi eleito na chapa encabeçada por Ciro Gomes, que governou o Estado entre 1991 e 1994.

Foi aliado do ex-governador Tasso Jereissati, a quem sucedeu no Governo do Estado, quando venceu a Eleição de 2002.

Lúcio, entretanto, se distanciou dos ex-aliados políticos quando foi derrotado em sua tentativa de reeeleição, em 2006, para Cid Gomes (PDT), irmão de Ciro. Desde então, Ciro e Lúcio trocam farpas, com frequência, e se enfrentam até mesmo nos tribunais.