A solenidade de entrega da segunda expansão da estrutura do Porto do Pecém, apesar de ter um caráter econômico forte, acabou se tornando um evento cercado de simbologia política com a presença do atual governador, Camilo Santana (PT), e outros três ex-gestores estaduais: Tasso Jereissati (PSDB), Ciro e Cid Gomes, ambos do PDT. Além de demonstrar um caráter suprapartidário das ações de Estado, houve claras sinalizações sobre a sucessão de 2022.
O ato demonstrou que, mesmo em partidos diferentes, o quatro mantém sintonia em relação ao projeto de desenvolvimento que se iniciou no governo Tasso, no fim da década de 1980, e se mantém até os dias atuais, como foi defendido por Cid, Ciro e Camilo, quando dos discursos ao fim da manhã desta quinta-feira (10).
Um dos fatos mais relevantes foi a troca de afagos entre o senador Tasso Jereissati e o governador Camilo Santana. As declarações revelam um cenário pré-eleitoral de aproximação das forças políticas governistas, inclusive com a possível chegada de Tasso e do PSDB para ainda mais próximo do grupo governista em âmbito estadual.
Retomada dos entendimentos
A reaproximação do senador tucano aos irmãos Ferreira Gomes ocorreu em 2020, após uma década desde o rompimento político, ocorrido por conta das divergências na eleição 2010. Na época, Tasso acabou derrotado para o Senado, com as vitórias de Eunício Oliveira (MDB) e José Pimentel (PT), com apoio do então governador Cid Gomes.
A retomada ocorreu no fim da gestão de Roberto Cláudio (PDT) na Prefeitura de Fortaleza, quando todos se preparavam para a sucessão, da qual Sarto (PDT) saiu vencedor em uma ampla coligação, incluindo o apoio odo PSDB.
O evento desta manhã, igualmente ocorrido às vésperas de um pleito eleitoral, revelou que parecem estar se desfazendo as barreiras para uma aliança que inclua os dois partidos até recentemente antagônicos em âmbito local: PT e PSDB. Chamado por Camilo de “referência”. Tasso confirmou a possibilidade.
“Acho que sim. Neste projeto de Estado, que não é de governo, nós estamos muito afinados. Acho que ainda tem muita coisa para acontecer (até a formação das chapas para a eleição) mas penso que é perfeitamente harmonizável que esses partidos estejam juntos”.
O senador está no fim do seu segundo mandato de oito anos em Brasília, mas ainda não deu demonstrações de ter intenção de concorrer à reeleição.
Inclusive, no contexto atual, o pré-candidato forte à única cadeira em disputa é o próprio Camilo, o que dá ainda mais peso para o evento ocorrido no Pecém.