Ao vencer batalha de bastidores pelo Podemos, Cid Gomes começa a mexer peças no xadrez eleitoral

O senador desbancou lideranças que queriam o comando do partido no Ceará; movimento pode impactar até mesmo no PDT

Legenda: Cid Gomes e Bismarck Maia são amigos e aliados políticos há décadas; a dupla pode turbinar o Podemos no Ceará
Foto: Arquivo

No fim do dia de quarta-feira (3), a presidente nacional do Podemos, deputada federal Renata Abreu, anunciou, nas redes sociais, uma mudança substancial no comando do partido no Estado. Após a saída do senador Eduardo Girão, o novo presidente da legenda é o prefeito de Aracati, Bismarck Maia. A mudança agitou os bastidores não só pela ida de Bismarck, mas pela articulação do senador Cid Gomes (PDT) que venceu concorrência até de correligionários seus pelo comando da sigla. 

A mudança de comando no Podemos faz o partido dar um giro de 180 graus na sua atuação política no Estado. Antes sob comando de forças de oposição à direita, o partido tem chance de se tornar uma potência - aliada ao governo Elmano - nas eleições municipais com a articulação do ex-governador. 

A conquista da sigla é uma das primeiras peças mexidas por Cid Gomes – um conhecido articulador político - no tabuleiro político pós-2022, no sentido de reforçar sua liderança de olho no pleito de 2024 e diante de um cenário hostil de rompimento dos aliados de PT e PDT e o distanciamento (ao menos temporário) do irmão Ciro Gomes. 

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A disputa pelo Podemos do Ceará envolveu fortes articulações nacionais. No fim, Cid Gomes venceu o embate contra o prefeito de Fortaleza, José Sarto, que fez articulações em Brasília, por meio do senador Ciro Nogueira (PP/PI). O parlamentar é primo do secretário de Desenvolvimento Econômico de Fortaleza, Rodrigo Nogueira, que atuou nas conversas. 

Além disso, outras lideranças locais chegaram a sondar a possibilidade de pegar o comando local do partido. 

A esta coluna, fontes que conhecem da negociação dizem que o objetivo do novo comando é reestruturar o partido no Estado. Fala-se, nacionalmente, até em "terra arrasada".

Caos interno no PDT 

Após a Eleição 2022, em que houve o rompimento da aliança entre PT e PDT, o clima dentro da legenda continuou pesado, mesmo com diversas tentativas de entendimentos por meio de reuniões que se mostraram infrutíferas. 

Um grupo no partido está empenhado em defender o governo Elmano e a parceria com Camilo Santana, enquanto outro segue uma linha de fazer oposição. A posição dúbia da legenda tem gerado atritos constantes. 

Na prática, o PDT que se construiu após a chegada dos irmãos Cid e Ciro, em 2015, não existe mais. Há, sim, um ajuntamento de lideranças divergentes que, nos bastidores, nem se respeitam mais.  

Ao articular a Presidência do Podemos, Cid Gomes mostrou aos aliados que há uma janela.