Os dados das nossas colunas passadas sobre as nacionalidades que mais visitam o Nordeste revelam que há correlação direta entre a existência de voos diretos e a grande quantidade de turistas estrangeiros.
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Isso quer dizer, por exemplo, que o Ceará tem as maiores quantidades de franceses do Nordeste porque Fortaleza tem voo direto para Paris.
Da mesma forma Pernambuco. Recife tem voos diretos para Montevidéu, logo, o Estado recebe muitos uruguaios. Já os espanhóis são a maioria na Bahia, uma vez que Salvador tem voos diretos para Madri.
Há inclusive certa correlação entre a proximidade de estado nordestino com determinado continente e o quantitativo de turistas recebidos.
O Ceará é mais próximo do que a Bahia para os europeus, logo recebe mais turistas de lá. Isso vale também para o Rio Grande do Norte em relação a Alagoas, por exemplo.
O Ceará é mais próximo do que Pernambuco para os norte-americanos, logo recebe mais turistas dos Estados Unidos.
A Bahia é mais próxima do que Pernambuco e Ceará para argentinos, logo maior proximidade com América do Sul (Cone Sul), portanto grande incidência de turistas sul-americanos.
Corroborando com essa correlação, bastou a quantidade de voos entre os Estados Unidos e o Nordeste aumentar, que Ceará e Pernambuco perceberam relevante aumento de norte-americanos nos dois estados.
Agora, com mais dados, digo que, diferentemente do que informamos em outubro, quando havia realmente poucos voos dos EUA a Fortaleza, o Ceará recebeu número relevante de norte-americanos via voos diretos entre janeiro e setembro de 2023: 4.961.
Este número é 5 vezes maior do que a quantidade recebida em 2022. A atração de turistas dos EUA não ocorre apenas em números absolutos. Agora, temos mais voos: até 3 frequências semanais com Latam e Gol.
Em outubro, as duas empresas somaram 4 frequências semanais, quantidade novamente diminuída para 3 em novembro e dezembro.
A Azul, em Recife, esqueceu mais as dificuldades e já opera, em média 5 operações semanais, mas atraiu menos norte-americanos que o Ceará: 4.663.
Em outubro passado, estimamos que apenas 18% dos passageiros de Miami a Fortaleza eram norte-americanos em 2022.
Com os dados de janeiro a setembro de 2023 descortinados pela Polícia Federal, mais de 32% dos passageiros entre Miami e capital do Ceará são norte-americanos.
Em 2019, via aérea, foram 10.699 turistas dos EUA entre 83.511 passageiros, apenas 12%. Estariam os norte-americanos abrindo os olhos para o Ceará?
Evolução da parcela de norte-americanos em voos diretos dos EUA ao Ceará
*De janeiro a setembro
Conversei com um cearense voltando da Flórida (Miami) por esses dias e ele me contou que na sala de embarque havia muitos norte-americanos: “Muitos parecem que vêm pelo Kitesuf, (estão) trajando bonés e camisas com nomes de velas e acessórios de kitesurf.”
Esse ponto já conversa com o tópico que trouxemos na coluna de outubro: o Ceará precisa vender mais os seus diferenciais, como o kitesurf.
Na linha narrada por alguns especialistas e leitores com quem conversamos, o Ceará precisa investir também no ecoturismo, agenda esta reconhecidamente valorizada e desejada por norte-americanos.
Nesse contexto, o grupo Beach Park lançou há algumas semanas um novo parque - Arvorar - que tem como principal motivação a observação de pássaros.
Ratificando essa tendência, um leitor que interage com nossa coluna conta que um grupo de turistas norte-americanos que, chegando a Fortaleza via cruzeiro marítimo, subiu a Serra de Guaramiranga exclusivamente para observar pássaros nativos.
“Foi mencionado na matéria o tema do ecoturismo e eu sinto a mesma coisa, estive em contato neste ano com um grupo de americanos já idosos que estavam fazendo um tour por alguns estados do Nordeste para fotografar pássaros. Eles passaram uns 2 dias em Guaramiranga no Remanso Hotel de Serra e eu estava lá presente e deu para perceber bem algumas coisas. O guia o tempo todo com eles, até nas refeições e fazendo todo tipo de contato que fosse necessário.”
O Ceará precisa realizar o esforço de atrair mais voos internacionais para Fortaleza, como já dissemos na coluna sobre os fracos resultados na atração de argentinos.
Precisa então de mais voos com Latam e Gol para os EUA, bem como buscar companhias estrangeiras que pudessem realizar a rota.
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.