Aeroporto de Maragogi, em Alagoas, deve ser inaugurado em 2025; veja imagens
O Aeroporto Costa dos Corais, em Maragogi, litoral norte de Alagoas, nascerá como nasceu o Aeroporto de Jericoacoara no Ceará: para estreitar distâncias entre o Brasil e um paraíso natural.
Se em Jeri há a sede do Parque Nacional de Jericoacoara, na região alagoana há a sede Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC), ambas administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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Se antes era preciso descer em Fortaleza e se deslocar por mais de 300km até a cidade de Jijoca de Jericoacoara em via simples, com o aeroporto, dezenas de voos nacionais passam semanalmente pelo equipamento, chegando a movimentar média superior a 16 mil passageiros todos os meses (2024). O deslocamento de pessoas até Jeri passou a se resumir a meia dúzia de horas, através de conexões nacionais em Guarulhos ou Confins-MG.
Dessa forma, o aeroporto Costa dos Corais poderá representar a mesma comodidade para turistas visitarem a superbela Maragogi. Hoje se desce por Maceió ou por Recife e se acessa pelo modal rodoviário. Alagoas terá, assim, seu segundo aeroporto aberto à aviação comercial.
A previsão para a conclusão das obras é em 2025.
A pequena cidade está próxima da região da Costa dos Corais, tem em torno de 30 mil habitantes e se tornou um dos destinos mais procurados do Nordeste brasileiro pela beleza do litoral, piscinas naturais e tranquilidade.
O aeroporto da região está sendo construído a pouquíssimos quilômetros da sede da cidade de Maragogi. Terá pista de pouso e decolagem com 2.200 metros, mesma extensão do aeroporto de Jericoacoara em Cruz-CE.
Assim, Maragogi já nasce sabendo que almeja receber voos internacionais, dada a boa capacidade de pista. Do contrário, teria pista de pousos e decolagens de aproximadamente 1.800 metros, extensão aproximada para receber apenas tráfegos nacionais.
Maragogi já nascerá, portanto, com uma das maiores pistas de pouso e decolagem do interior do Norte-Nordeste, mais que Porto Seguro e Juazeiro do Norte, muito mais que Ilhéus.
Para a professora de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Viviane Falcão, “o futuro aeroporto de Maragogi, em Alagoas, tem o potencial de transformar a região em um polo turístico de grande relevância no Brasil e no exterior, com impactos positivos expressivos na economia local e no turismo. Ao facilitar o acesso ao destino, o aeroporto impulsionará o comércio, fortalecerá o setor de serviços e criará oportunidades de emprego diretas e indiretas, promovendo o desenvolvimento regional”.
Viviane dá exemplos de aeroportos regionais em outros países que dinamizaram o acesso a destinos de sol e praia: “Aeroportos regionais turísticos bem-sucedidos, como Zihuatanejo-Ixtapa e San José del Cabo no México e Kapalua no Havaí, são exemplos de infraestrutura bem planejada para destinos de praia, onde a alta demanda turística é atendida de maneira eficaz”.
“Esses aeroportos demonstram como uma infraestrutura aeroportuária adaptada pode potencializar o turismo, sem deixar de lado as necessidades ambientais e culturais locais. Inspirar-se nesses exemplos internacionais trará uma vantagem significativa a Maragogi, reforçando Alagoas como um destino estratégico no mapa turístico brasileiro”, comentou Viviane Falcão.
Aeroporto de Maragogi ‘tomará’ passageiros de Recife e Maceió?
Sobretudo na volta da pandemia, quando as viagens internacionais eram inviáveis, o turismo nacional cresceu forte. Jericoacoara se beneficiou bastante e mais que duplicou a quantidade de passageiros em 2022, quando comparado com 2021.
Entendo que, com esse grande salto, certamente Jeri retirou passageiros do aeroporto de Fortaleza. Ou seja, passageiros que voavam até Fortaleza para atingir Jeri, por exemplo, de carro, passaram a fazê-lo com voos diretos.
Em 2022, Jeri teve pouco mais de 5% da movimentação de Fortaleza, quando movimentou mais de 300 mil passageiros. Certamente fez falta à capital essa quantidade, porém, a única certeza é que deveremos ter cada vez mais novos aeroportos surgindo, bem como, aeroportos precários existentes sendo revitalizados e melhorados, permitindo maior dispersão de passageiros pelos interiores do Norte-Nordeste. Essa dispersão é benéfica e permitirá que a aviação nacional cresça.
Na situação de Maragogi, naturalmente, vejo também o aeroporto retirando passageiros de Recife e Maceió. Seria quantidade relevante? Jeri mostra que o impacto pode não ser estrondoso, porém, percentualmente, pode impactar mais Maceió, justamente porque a quantidade de passageiros que a capital movimenta é da ordem de 200.000/mês.
Caso Maragogi atinja os 15.000 passageiros/mês, representaria 7,5% de Maceió, uma quantidade que pode levar à redução de passageiros em Maceió, ou crescer perto de zero pós-inauguração do equipamento, por exemplo.
Por outro lado, os voos para Maragogi não poderão ser de todo mais caro, porque se forem, o cliente preferirá continuar voando mais barato via Recife (que é um grande hub) ou Maceió. Tanto a distância à capital alagoana, quanto à capital pernambucana é de aproximadamente 130 km, distância facilmente percorrível em menos de 2 horas.
“Residente em Recife e admiradora das praias do litoral alagoano, posso afirmar que a beleza dessas regiões não perde para a Cote d'Azur (na França) – pelo contrário, é enriquecida pela natureza ainda preservada. No entanto, hoje o acesso é limitado pela falta de manutenção das rodovias e pelos custos, que envolvem aluguel de carros e deslocamento de duas a três horas a partir de Recife ou Maceió. A criação do aeroporto encurtaria essa distância e traria mais visitantes ao paraíso chamado Maragogi, até porque os aeroportos mais próximos ficariam nas capitais de Recife e Maceió o que tornam esse destino com pouca facilidade de acesso ao turista do exterior e de outras regiões do Brasil”, explicou Viviane Falcão.
Maragogi “próxima” a Recife e Maceió
Essas pequenas distâncias a grandes aeroportos de capitais podem limitar o sucesso do novo aeroporto de Maragogi? Que exemplos conhecemos que podem nos ajudar com essa resposta?
Basta observamos que outro aeroporto portal de destino turístico como Canoa Quebrada em Aracati (ainda que de um apelo turístico historicamente menor), a 130km de Fortaleza, é totalmente ocioso.
Vamos descobrir com o aeroporto de Maragogi, se a ociosidade de Aracati-CE é questão de um grande aeroporto como Fortaleza praticamente invalidando a demanda no equipamento da cidade do leste cearense, ou se Canoa Quebrada e praias da região de Aracati não tem o potencial pensado de atração de passageiros, quando se pensou na construção do aeroporto Dragão do Mar em 2012.
Crescimento econômico de Maragogi
De 2017, ano de inauguração do aeroporto de Jeri, a 2021, o que se viu foi o enriquecimento da região, certamente, influenciado pelo grande boom de visitantes chegando ao aeroporto Ariston Pessoa. Com dados de 2021, Jijoca de Jericoacoara chega a ter um PIB per capita maior que a capital Fortaleza (IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em termos nominais, entre 2017 e 2021, o crescimento no PIB per capita de Jijoca é superior a 50%.
Maragogi também é uma região economicamente pobre e teve em 2019 um PIB per capita de R$ 21.175,09 (IBGE). O aeroporto será certamente um grande indutor de riquezas para a região.
Todo o sucesso ao novo portal aéreo que surgirá no Nordeste.
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.