Em meio ao cenário complexo das negociações da volta do futebol na pandemia do coronavírus, com todos os seus protocolos, curvas, testes e permissões para que seja possível a realização de partidas, outro contexto se instalou no universo do futebol brasileiro nas últimas semanas. O viés político também tem dado o tom das decisões e posturas dos clubes e também do poder público.
Se de um lado existem negociações de times e federações para o retorno de futebol junto a governos estaduais e prefeituras, também há movimentações em Brasília para alinhamento de interesses das equipes com o presidente da República, Jair Bolsonaro. Tudo isso em momento político de embate da União com outros entes do poder executivo, que têm posicionamentos distintos com relação à condução do combate ao vírus.
Em outro momento, também com relação à MP 984, mais oito clubes da Série A se reuniram com Bolsonaro, entre eles Ceará e Fortaleza. Da mesma forma que Flamengo e Vasco, as equipes procuraram apoio para o PL 3.832, que transforma em lei parte das mudanças previstas na MP editada pelo planalto, e também para resolver a querela com a empresa Turner, que pretende rescindir sem multa contrato com as equipes.
O interesse dos times se une às pretensões estratégicas do Planalto. Em ano de eleição municipal, em que as disputas entre lideranças locais e o presidente (e o que ele representa) podem se acentuar regionalmente, as movimentações políticas do futebol se unem ao processo político.
A volta do futebol está agora inserida nesse contexto, adicionando ainda mais imprevisibilidade às decisões.